quarta-feira, 10 de julho de 2013

Carnaval

E se um dia ao acordar
Dou conta do que nunca fui?
Se ao olhar-me de perto não reconheço a cara que sempre transportei?
E se a própria vida nem sequer foi a que eu pensei que vivi
Mas aquela que eu vivi sem pensar e que já nem sei qual é?
E que por isso fingi…

Ah como andamos todos enganados!...
Ah como todos fingimos ao espelho pela manhã!…
Ah quão fingidores somos todos neste Carnaval!…

Aproveito o corso e misturo-me com a multidão
Abandono o desfile que tem sido esta vida,
Onde como Rei tenho governado e governado me tenho também
Do carro alegórico salto para o chão e procuro-me por entre a multidão
Onde estou, por onde ando?
“Desculpem, alguém me viu por aí?”

Olho à volta e reconheço-me talvez
Em cada rosto enlouquecido pela festa
Embalo no silêncio do ruído que não consigo ouvir e tropeço nas máscaras tombadas pelo chão
Baralho-me, confundo-me trocando os pés pelas mãos
Rio, gargalho até me engasgar, tropeço e caio desamparado, engulo mil papéis…
Por entre outros iguais aos meus e a mim

Logo, logo, é outro dia…
Volto rápido ao que era porque sei muito bem quem eu sou
Vomito memórias de outros Carnavais…
Sim reconheço-me outra vez com máscara a que todos chamam a minha cara
Como gosto desta minha vida, esta que quero continuar a viver
Eu não finjo!!! Ouviram? Ouviram todos bem? É preciso repetir?

Ah como andamos todos enganados!...
Ah como todos fingimos ao espelho pela manhã!…
Ah quão fingidores somos todos neste Carnaval!…

… /…

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