quarta-feira, 17 de julho de 2013

Dote

A vida não se esgota num corpo que parte
Uma caixa de madeira não guarda o tesouro de toda uma vida
A dor resultante da ausência de quem parte nem sempre reflete
O valor da vida nem o amor espalhado através do breve passar dos anos
O tempo e o natural esquecimento são deveras cruéis
Resgatando sem dó o que de mais puro e íntimo temos
A recordação e a liberdade de pensarmos

Não a mim…
Enquanto for vivo as memórias ficarão comigo e jamais as deixarei fugir
Guardá-las-ei em mim atadas ao meu sono tranquilo para poder sonhar com elas
Trá-las-ei comigo presas às minhas pernas
Pois serão elas as molas do meu andar
Mas não as levarei comigo porque uma caixa de madeira não chegará para as guardar
Muito menos o meu corpo fétido merecerá tal dote

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