domingo, 21 de julho de 2013

Desamor

Falava há dias em sonhos
Este eu nunca te contei…
Daquela vez em que no meu quarto
Do meu corpo me separei

Elevei-me até ao teto e contemplei-o em paz
Ali estava ele, olhos vazios, deitado sobre a cama
Abandonado à espera de uma decisão
Observei-o do alto, lá do canto do teto
A imagem do abandono, majestosa tristeza…
Apenas forma e carne deixadas no leito
Naquele leito onde tantas vezes nos amámos juntos
Eu e o meu corpo, tu e os nossos sonhos
No leito onde tantas vezes nos inventámos
Onde, meu amor, um dia me juraste para sempre
E onde até algum tempo atrás te esperei…

Procuro-te hoje 
Revejo as marcas que deixaste no meu corpo
Tatuagens de ti que hoje não valem para nada…
Só o raio do abandono…
Apenas a vida abandonada…

Resta-me o espaço que ocupo e a recordação que trago de ti…
A tristeza e a agonia adormecidas numa cama de amor inventada
Resta-me  a morte premeditada…
E o que fazer com este torpor!?
Deverei pegar no meu corpo e viver?
Ou simplesmente desistir, continuar a planar até morrer!?

Quero olhar só mais uma vez
Questionar-me e tentar compreender
Este desapego que me entristece e ao mesmo tempo me anima
Então, pegar no meu corpo e devolver-lhe a vida!
Voltar a vesti-lo, tocar-lhe ao de leve a pele
Mostrar-lhe que apenas eu dependo dele
Que o desapego é sofrido e real
Já que corpo e alma seguirão unidos
E que às vezes o desamor não faz nenhum mal…

… /…

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