quarta-feira, 10 de julho de 2013

Elétrico dos sonhos

Riscos metálicos no alcatrão
Que ao cruzarem-se, unem-se, afastam-se e seguem caminho
Rodas de ferro, pesadas, que rolam e fazem estremecer o chão
Enquanto lá no alto, ah!... Pura imaginação!...
Nem Voltaire, se voltasse à terra, suporia tamanha ilusão

Hoje sou um elétrico…
Transporto-me a mim e a um punhado de bancos vazios
Hoje não há paragens, vai direitinho que nem um fuso…
Estará certamente o leitor a pensar
Onde é que o autor quer chegar, parece-me um pouco confuso (!?...)

Ah ah! Tão simples, que nunca ninguém parou para pensar
Um elétrico é um mundo à parte, desde que parte, até chegar
Transporta gente, sonhos, alegrias e tristezas
Sempre, sempre com as rodas nos trilhos
Esconde muitas rotinas, outras tantas vidas e infindáveis incertezas

Quem apanha o elétrico, parte decerto à aventura
Dia a dia do operário, varina, caixeiro, turista e até estudante
Lá vão eles aos encontrões, pancadas, campainhas e arranques
Convencidos que o elétrico lhes facilita a vida
E que ao fim do dia serão mais felizes do que antes

Erro fatal assim pensar, deste modo tão redutor
Ora vamos lá todos reformular o pensamento
Tornando-o mais profundo, introspetivo, ainda que por favor
É que o elétrico não é um avião…
Não tem asas, não voa… nem sequer tem um motor (!?...)

Tem rodas, ah pois tem… em ferro bruto e bem pesadas
Rola p’ra cima e p’ra baixo num repetitivo vaivém
Comanda a vida de quem sobrevive a cada viagem
Sempre nos trilhos, estremecendo o chão
Engolindo, cuspindo pessoas e sonhos a cada paragem

Por isso hoje sou um elétrico…
Hoje não há paragens, rotinas, turistas nem varinas
Hoje não há encontrões, campainhas nem arranques
Isto hoje vai direitinho que nem um fuso
Transporta sonhos, sorrisos, ternura como nunca dantes

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