quarta-feira, 10 de julho de 2013

Ponto morto

Cedo parti…
A estrada à minha frente nem sequer ainda estava pronta
Mal amanhecera e já me fizera ao caminho
A cada passo decidi deixar para trás o vazio que me preencheu os dias
E aventurei-me na confusão do tempo novo que me esperava
Não sabia ao que ia…
Nem sequer com quem iria cruzar-me
Sonhava encontrar alguém num qualquer ponto…
Daqueles que não existem, talvez num chamado ponto morto…
(expressão que me veio agora à ideia…)
Caminhei sempre
A cada passo conquistava vida e acumulava tempo
Mais e mais tempo novo para fazer não sei o quê
Avancei e a estrada continuava a não estar pronta
E eu seguia…
Insistia em seguir um caminho não inventado
A cada passo, a cada tropeço, já possuído pelo cansaço
Os pés, automáticos, transportavam o meu corpo desarticulado
Na esperança de poder ver alguém…
Olhava em redor, procurava ninguém, apenas procurava…
E guardava o olhar nos meus pés e seguia… ninguém, absolutamente ninguém…
Como eu esperava ver alguém…
As árvores cresciam e o verde obrigava-me a desejar outras cores
As folhas caíam e provocavam-me vontades doidas de desistir
Por uma vez olhei para trás e observei uma multidão que me seguia
Sem cor nem tempo, caminhavam todos no vazio…
Fixavam-me ao longe… a mim que lhes roubara o tempo,
A mim que não tivera tempo para fixar cada um deles de perto
E estivéramos já todos, tão perto…
Virei costas e prossegui…
Voltei a fixar os olhos na estrada que nunca vai estar pronta
Os pés acumulando tempo na confusão do tempo novo que me espera
Para trás, fui deixando o vazio dos dias que já não me preenchiam
E a aventura de saber ao que não ia
Pronto a cruzar-me com alguém num qualquer ponto…
Ainda que já morto…

… /…



Um comentário:

Unknown disse...

Um dos meus favoritos!