O tempo, sempre o tempo…
Fui ontem buscar o relógio que tinha depositado há seis meses nas mãos
de um amigo, decidido a ajudar-me, fazendo com que o velho relógio voltasse a
funcionar.
Terá, talvez, à volta de cem anos e pertenceu à minha família desde sempre.
É um relógio de mesa, com pêndulo, porta envidraçada, vidro pintado à mão e
caixa de madeira.
O pêndulo, em latão, marca agora o tempo e enche a sala com o seu
tique-taque, que nos embala o sono, a qualquer hora.
Tique-taque, tique-taque, tique-taque, meio som, meio ruído.
A vida feita pêndulo, o bom e o mau, as alegrias e as tristezas, o
fácil e o difícil, os amores e os desamores e a aparente sensação de que, quando
olhamos os ponteiros de um relógio, dificilmente nos apercebemos que eles se
movem. Contudo, eles dão vinte e quatro voltas ao longo de um dia.
Assim é com a vida, aparentemente estática, iludindo-nos, fazendo-nos
por vezes pensar que nada acontece e no entanto…
Tique-taque, tique-taque, tique-taque, com atrasos e adiantamentos
pelo meio.
E é preciso não esquecer que é necessário dar corda ou, recorrendo à
mais recente tecnologia kinetic, balancear o pulso…
Passa-se o mesmo com a vida, por vezes há que dar balanço por forma a
movimentar o pulso, obrigando-o a ativar o punho, que dá o murro na mesa…
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