sábado, 15 de fevereiro de 2014

Fotogramas de um vulcão

De cada vez que cerro os olhos
Há um fotograma nítido teu a estoirar comigo
Pontos coloridos entontecem-me a cabeça
Explodindo em mandalas de luz
Invadindo as minhas sinapses estranguladas
Provocando-me espasmos de prazer...

À deriva abro e fecho os olhos descontroladamente
Minhas pálpebras intumescidas registam fotogramas
De cada cota do teu corpo trémulo
Feito terreno revolto sujeito a enorme abalo sísmico
Transbordando lava quente
Que nos queima por dentro...

São esses, fotogramas nítidos
Captados pela ante câmara da nossa loucura
Flashados feitos espasmos elétricos intermináveis
Lembrando uma chuva de estrelas
De inúmeras  peças de um puzzle que rebentou no ar
Condenando-nos em seguida a um abraço em câmara lenta...

Os fotogramas são depois automáticos
Disparados pelos meus olhos já em pose
E é então que cada peça do puzzle, vai girando sobre si
Planando por sobre os nossos corpos, invadindo o meu em seguida
Rasando outras peças, sem que no entanto se toquem
Até encaixarem na sua posição serena inicial...

E ali estamos nós como se de magma se tratasse
Na espera do arrefecimento
Perpetuando-nos em rochas ígneas
Qual fotograma de um filme perfeito...

… /…

Um comentário:

Unknown disse...

Abencoado.
Abencoado quem o vive .
Abencoado quem o consegue por em palavras que tocam e transmitem sentimentos que unem o carnal e o espiritual, num poema quase vivo.
Abencoado quem o escreve.
Abencoados quem o sentirem.