segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Tão simplesmente...

Os dias não são todos iguais, eu sei.
Muito menos os olhamos todos os dias da mesma forma, eu sei também. E ainda bem que assim é…
Hoje acordei triste, com a estranha sensação de que alguma coisa está para acontecer, apenas não sei o que é (!?...) De vez em quando acontece-me.
E, ainda deitado, deixei-me levar pelos meus pensamentos e sonhos, os mesmos que todos os dias me dão força para continuar a minha constante busca da felicidade, contra o tempo e a pouca vontade dos tempos de hoje. Só que às vezes é difícil…
Já a pé, liguei a televisão que só debitou desgraças, enquanto tomei duche, ajeitei a barba, fiz a cama e me vesti.
Fiquei ainda mais triste, ao ouvir a enxurrada de notícias más e revoltantes, alternadas com discursos redondos, enganadores, perigosos até, que nos fazem tremer e temer os tempos que aí vêm.
E assim estive, por breves minutos, a pensar na verdadeira importância das pequenas tarefas e gestos que repetimos quotidianamente, na espera de que algo de bom nos possa acontecer, sem vislumbrarmos, contudo, o quê, simplesmente na contínua espera, ou tão simplesmente, mantendo essa esperança…
Envolto nos meus pensamentos, ainda desordenados e confusos, típicos de quem começa o dia, ademais com a estranha sensação já relatada, assomei-me à janela do meu quarto e senti na face uma claridade intensa, por detrás de algumas nuvens menos densas, o que me fez fechar os olhos.
Nesse instante, senti-me pequeno e ao mesmo tempo ridículo…
Quanta gente já nem sonhar consegue. Quantos não sentem que já lhes tiraram tudo e por nada esperam!?...
Invadido pela luz projetada na janela do meu quarto, senti uma enorme vontade de refletir criando, para isso, uma espécie de oração inventada, que não fosse igual a todas as outras.
Sim, inventei as palavras, mas caí na tentação de me repetir nas intenções… e pedi…
Pedi um sinal, como se a vida não nos desse todos os sinais, todos os dias!?
Como, se ao mesmo tempo, esta tomada de consciência me fizesse sentir mais humano e por isso reforçasse a minha condição de resignado pecador, merecendo desta forma a absolvição divina. Como se o facto de sentir necessidade de receber um sinal de Deus me fizesse sentir mais próximo Dele e, por isso, mais merecedor da Sua atenção. Mais não fosse, merecedor do Seu perdão por mais esta tentação minha.
Rapidamente me contraí e dei graças por poder estar a viver o início de mais um dia com vontade de prosseguir. Tão simples quanto isto!...
Baixei os olhos humildemente e coloquei-os no chão da entrada da minha casa. Uma flor amarela, lembrando o sol, viçosa, só, sobre a relva, chamou-me a atenção… Ontem, não estava lá!…
Voltei a olhar o céu e a luz encandeou-me.
Sorri e agradeci a majestosidade do improvável, revelada na simplicidade do significado das coisas.
Não sei o que está para acontecer mas, tão simplesmente, quero que aconteça…

… /…





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