E se um dia ao
acordar
Dou conta do
que nunca fui?
Se ao
olhar-me de perto não reconheço a cara que sempre transportei?
E se a
própria vida nem sequer foi a que eu pensei que vivi
Mas aquela
que eu vivi sem pensar e que já nem sei qual é?
E que por
isso fingi…
Ah como
andamos todos enganados!...
Ah como todos
fingimos ao espelho pela manhã!…
Ah quão
fingidores somos todos neste Carnaval!…
Aproveito o corso
e misturo-me com a multidão
Abandono o
desfile que tem sido esta vida,
Onde como Rei
tenho governado e governado me tenho também
Do carro
alegórico salto para o chão e procuro-me por entre a multidão
Onde estou,
por onde ando?
“Desculpem,
alguém me viu por aí?”
Olho à volta
e reconheço-me talvez
Em cada
rosto enlouquecido pela festa
Embalo no
silêncio do ruído que não consigo ouvir e tropeço nas máscaras tombadas pelo
chão
Baralho-me,
confundo-me trocando os pés pelas mãos
Rio, gargalho
até me engasgar, tropeço e caio desamparado, engulo mil papéis…
Por entre
outros iguais aos meus e a mim
Logo, logo,
é outro dia…
Volto rápido
ao que era porque sei muito bem quem eu sou
Vomito
memórias de outros Carnavais…
Sim
reconheço-me outra vez com máscara a que todos chamam a minha cara
Como gosto
desta minha vida, esta que quero continuar a viver
Eu não
finjo!!! Ouviram? Ouviram todos bem? É preciso repetir?
Ah como
andamos todos enganados!...
Ah como
todos fingimos ao espelho pela manhã!…
Ah quão
fingidores somos todos neste Carnaval!…
… /…
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