Cedo parti…
A estrada à
minha frente nem sequer ainda estava pronta
Mal amanhecera
e já me fizera ao caminho
A cada passo decidi deixar para trás o vazio que me preencheu os dias
E
aventurei-me na confusão do tempo novo que me esperava
Não sabia ao
que ia…
Nem sequer
com quem iria cruzar-me
Sonhava
encontrar alguém num qualquer ponto…
Daqueles que
não existem, talvez num chamado ponto morto…
(expressão que me veio agora à ideia…)
Caminhei
sempre
A cada passo
conquistava vida e acumulava tempo
Mais e mais tempo
novo para fazer não sei o quê
Avancei e a
estrada continuava a não estar pronta
E eu seguia…
Insistia em
seguir um caminho não inventado
A cada
passo, a cada tropeço, já possuído pelo cansaço
Os pés, automáticos, transportavam o meu corpo desarticulado
Na esperança de poder ver
alguém…
Olhava em
redor, procurava ninguém, apenas procurava…
E guardava o
olhar nos meus pés e seguia… ninguém, absolutamente ninguém…
Como eu esperava ver
alguém…
As árvores
cresciam e o verde obrigava-me a desejar outras cores
As folhas
caíam e provocavam-me vontades doidas de desistir
Por uma vez
olhei para trás e observei uma multidão que me seguia
Sem cor nem
tempo, caminhavam todos no vazio…
Fixavam-me
ao longe… a mim que lhes roubara o tempo,
A mim que
não tivera tempo para fixar cada um deles de perto
E estivéramos
já todos, tão perto…
Virei costas
e prossegui…
Voltei a
fixar os olhos na estrada que nunca vai estar pronta
Os pés acumulando tempo na confusão do tempo novo que me espera
Para trás, fui
deixando o vazio dos dias que já não me preenchiam
E a aventura
de saber ao que não ia
Pronto a
cruzar-me com alguém num qualquer ponto…
Ainda que já
morto…
… /…
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