Falava há dias
em sonhos
Este eu
nunca te contei…
Daquela vez
em que no meu quarto
Do meu corpo
me separei
Elevei-me
até ao teto e contemplei-o em paz
Ali estava
ele, olhos vazios, deitado sobre a cama
Abandonado à
espera de uma decisão
Observei-o do
alto, lá do canto do teto
A imagem do
abandono, majestosa tristeza…
Apenas forma
e carne deixadas no leito
Naquele leito onde
tantas vezes nos amámos juntos
Eu e o meu
corpo, tu e os nossos sonhos
No leito onde tantas
vezes nos inventámos
Onde, meu
amor, um dia me juraste para sempre
E onde até
algum tempo atrás te esperei…
Procuro-te
hoje
Revejo as marcas que deixaste no meu corpo
Tatuagens de
ti que hoje não valem para nada…
Só o raio do
abandono…
Apenas a vida
abandonada…
Resta-me o
espaço que ocupo e a recordação que trago de ti…
A tristeza e
a agonia adormecidas numa cama de amor inventada
Resta-me a morte premeditada…
E o que
fazer com este torpor!?
Deverei pegar no meu
corpo e viver?
Ou simplesmente
desistir, continuar a planar até morrer!?
Quero olhar só
mais uma vez
Questionar-me
e tentar compreender
Este desapego
que me entristece e ao mesmo tempo me anima
Então, pegar
no meu corpo e devolver-lhe a vida!
Voltar a vesti-lo, tocar-lhe ao de leve a pele
Mostrar-lhe que
apenas eu dependo dele
Que o desapego
é sofrido e real
Já que corpo
e alma seguirão unidos
E que às
vezes o desamor não faz nenhum mal…
… /…
Nenhum comentário:
Postar um comentário