Não trazias
nada nas mãos…
Abrias as
palmas e só via linhas
Na boca, as
palavras enrolavam-se-te na língua
E as letras
engasgavam-te a garganta
Deitavas as
mãos à boca
Num gesto
desesperado de quem tentava regurgitar as consoantes que engolias…
Que te arranhavam a garganta.
Que te arranhavam a garganta.
E que tanta
falta te faziam para construíres as palavras certas…
E as
mãos?... O que conseguiam elas mostrar-me?...
Nada, nada,
só linhas…
Linhas que apenas
eram as marcas das vezes que as abriste e fechaste
Sem nada trazeres
nelas… nas palmas…
Hum… pois não, não trazias nada nas mãos
E sufocavas
numa overdose de tinta que te asfixiava por dentro
Palavras,
letras e consoantes que não conseguias vomitar…
Desesperada,
emocionavas-te e engasgavas-te ainda mais
Pegavas na
caneta, tentavas escrever e… nada, não saía nada!
Olhavas as
linhas das mãos e confundias-te
Vias linhas e mais linhas de tanto abrires e fechares as mãos
Na tentativa de escreveres os teus vómitos
A garganta
arranhada de tanto tentares regurgitar para o papel
Doía-te…
E as letras
que não conseguias juntar, mais as palavras que não deitavas cá para fora
Tolhiam-te
as mãos…
E estas não
te serviam para nada
Abrias as
palmas e nada, simplesmente nada…
Se alguém te
estendia as suas, era nada o que oferecias
Apenas nada…
Somente linhas
esquecidas nas palmas das mãos…
… /…
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