sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Ferida

São já tantos os dias passados
Que se contados um a um
Parece não terem fim…

Foram longos, foram frios
Nasceram pela manhã
Deitaram-se comigo à noite
No silêncio das horas têm habitado em mim…

E enquanto uns foram, outros vieram
Com eles o tempo para sentir
Aquele abraço, aquele sorriso, este aperto no peito
Com tristeza e ruído de fundo
Que me rouba de vez em quando um sorriso
O mesmo que ontem, à noite, no meu leito
Adormeceu abraçado a mim…

O tempo chicoteia-nos
Marca-nos a vida com memórias cadenciadas
Reabre-nos feridas que julgávamos saradas
Insistindo em manter-nos assim

E assim, caminhamos de um qualquer jeito
A sobrevivência só por si é um enorme feito
Na tentativa da cura dos dias sem fim…

… /…

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