sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Tatuagens

Rasga-me e vê o que nunca viste porquanto me ignoraste
Quando passaste por mim…
Vais ver que vais sentir-te melhor...
Tenho tantas coisas escritas em cadernos de linhas
Que são as minhas...
Mas nunca os folheio, porque a coragem escapa-se-me por entre os dedos…
Por isso, vá, tenta rasgar-me
Desfolha-me página a página e lambe a tinta que me manchou
Cheira as folhas e bebe-lhes o perfume das palavras
Cada uma é diferente da outra e todas juntas compõem o livro que sou eu 
Mas que nunca me escrevi... 
E que por isso nunca me leste...
Será ele a inspiração para o meu requiem, quando o final dos meus dias chegar
Nele te reverás…
Rasga cada folha e dá-te a provar um pouco das minhas angústias, pedaços de ti
Apenas para lhes sentires o gosto...
Depois, enfia-me os papéis na boca e lambe-me os cantos, se vires que há tinta a escorrer
Quando começar a regurgitar o veneno que te dediquei em vida
Empurra-mo de novo para dentro, até sufocar…
Quando te sentires cansada e os meus olhos já não te encontrarem, chegou a hora
Deixa-me ficar assim, com a tinta a escorrer-me pelo queixo
Não haverá nada mais a fazer…
Momento sublime, esse…
Depois de nunca te ter tido verdadeiramente em vida
Morrerei com uma overdose de ti
E se ainda assim sobrarem algumas folhas, queima-as por favor
Com as cinzas, faz-me pinturas no corpo
Pinturas de uma guerra perdida...
Tatuagens de ti…

... /...

3 comentários:

Anônimo disse...

muito forte!!!

Unknown disse...

Quem te faz o Poeta escrever assim, é amaldiçoadamente abençoado.

Unknown disse...

Quem te faz o Poeta escrever assim, é amaldiçoadamente abençoado.