sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Campo Grande

Estendido naquele banco
Costumava haver um homem velho
Sozinho a fumar cigarros velhos 
Já sem tempo p’ra sonhar…

Reconhecendo-se na sua sombra
Delirante via a vida a passar…
Tal qual guardião do seu bairro
Feito príncipe daquele jardim…


De tabaco plantado 

Tingindo-lhe as pontas dos dedos
Mais a alma de tanto tempo esperar…

A cada passa na beata
Recordava histórias há muito esquecidas
De tempos dourados de outrora
Mais infinitas alegrias, e… ah como ele ria...

Artigos e decretos-lei de outras vidas
Processos de tantas causas defendidas
Entre gargalhadas loucas de agonia…
Que o filtro há muito lhe depurara a dita

Ali estava deitado dia após dia...
Ao mesmo tempo que seu corpo queimava
O pouco tempo que ainda lhe restava
Um tempo sem tempo de vida vazia

Tão menos lhe importava se o vício o matava…
Há muito que aquele homem esquecera a idade
Desde que a morte lhe entrou em casa
Um dia sem ser convidada

E a cada cigarro fumado
Gravando a fogo e a alcatrão aquela data
Estendido naquele banco com aquele homem
Dormia à noite um coração abandonado…

… /…



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