quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Lisboa a duas cores

Naquele tempo, Lisboa era mais cinzenta, mas era mais verde também.
As pessoas vestiam poucas cores e as fardas, eram quase todas cinzentas. Naquele tempo havia muitas fardas!
Dentro das casas das pessoas, daquelas que tinham televisão, Lisboa era, para algumas, pura imaginação, uma vez que só raramente, ou até mesmo nunca, tinham tido a oportunidade de a visitar. E era uma imagem a preto e branco, a que viam e sonhavam, em tons de cinzento, também.
E as vidas de muitas dessas pessoas eram cinzentas também e, por vezes, muito escuras.
E então, lá aparecia o verde! Imaginavam-no, ao verem as imagens cinzentas…
Mais jardins em vez de prédios, mais árvores em vez de estacionamentos e os velhinhos autocarros verdes da Carris que em Lisboa se passeavam, no alto dos seus primeiros andares. Também os táxis, com as suas “copas” verdes, enchiam o Rossio de cor.
A mata de Monsanto, muito verde, era a floresta negra de Lisboa, quase impenetrável.
À noite, nela, a vida era agitada e cinzenta também…
Outra vez o verde e o cinzento… em Monsanto, com tons muito escuros.

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Um comentário:

Ne' disse...

E a tristeza da alegria de ir ver os avioes como expoente maximo do fim de semana...