Estendido naquele banco
Costumava haver um homem velho
Sozinho a fumar
cigarros velhos
Já sem tempo
p’ra sonhar…
Reconhecendo-se
na sua sombra
Delirante via a vida a passar…
Tal qual guardião do seu bairro
Feito príncipe daquele jardim…
De tabaco plantado
Tingindo-lhe as pontas dos dedos
Mais a alma
de tanto tempo esperar…
A cada passa na beata
Recordava histórias há muito esquecidas
De tempos
dourados de outrora
Mais infinitas
alegrias, e… ah como ele ria...
Artigos e
decretos-lei de outras vidas
Processos de
tantas causas defendidas
Entre
gargalhadas loucas de agonia…
Que o filtro
há muito lhe depurara a dita
Ali estava deitado dia após dia...
Ao mesmo
tempo que seu corpo queimava
O pouco
tempo que ainda lhe restava
Um tempo sem tempo de vida vazia
Tão menos
lhe importava se o vício o matava…
Há muito que
aquele homem esquecera a idade
Desde que a
morte lhe entrou em casa
Um dia sem ser convidada
E a cada cigarro fumado
Gravando a
fogo e a alcatrão aquela data
Estendido naquele banco com aquele homem
Dormia à noite um coração abandonado…
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