Para mim, existem diferentes tipos de memórias, as reais, as quase
reais e as que eu imagino que são reais…
Nelas viajo há quase cinquenta anos.
Foram elas que, ao longo dos anos, criaram e reforçaram os alicerces
do mundo que é o meu, onde eu, feito arquiteto e pedreiro, construí a minha
cidade.
Nela existem construções, umas que se ergueram a um ritmo incrível,
outras que ruíram faz algum tempo, outras ainda que não passaram de projetos
bonitos, permanentemente adiáveis.
Na minha cidade existem rios, pontes, caminhos, escolas e jardins. Nas
escolas e nos jardins há crianças, todas elas felizes. As pontes e os caminhos
estão repletos de gente que se encontra, sorri e abraça.
Nos rios, corre a água… a água que tudo lava e que, suavemente, transporta todo o tipo de memórias, as reais, as quase reais e as que eu
imagino que são reais.
Por fim, elas misturam-se e desaguam na foz do mar das lembranças e do
esquecimento, também.
Importa apenas que sejam memórias, porque reais ou não, pouco
interessa… Importante é que tenhamos sempre do que nos lembrar, nem que apenas
seja dos sonhos que sonhámos um dia.
… /…
Um comentário:
Já passei por essa tua linda cidade e, de vez em quando, irei visitar-te e lavar algumas memórias, nessa água que imagino pura. Nos meus mundinhos também há montes cheios de cores a misturarem-se pelas flores silvestres e muitos cheiros carregados de memórias. São especiais, essa tua cidade e os meus mundinhos: têm asas de esperança naif.
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