Mais tarde, quando um dia todos deixarmos de existir, será que o vazio
deixado por alguns de nós refletirá o equivalente espaço que ocupámos em vida?
Será que a energia emanada por cada um de nós permitirá que, aquando
da nossa ausência futura, seja possível haver uma real perceção desse mesmo espaço,
bem como poderá alguém calculá-lo?
Quem dera, podermos afirmar com precisão matemática o que cada um foi
verdadeiramente, o espaço que ocupou e qual a justa ressonância da sua passagem
por esta vida.
A existir uma fórmula, ela deveria ser simples, as variáveis objetivas
e o resultado lógico.
O que fomos, o que fizemos, como fomos, como fizemos, a quem nos demos
e novamente como, o que projetámos para além de nós, visível, como que um reflexo
deixado na vida que existirá quando já nenhum de nós existir.
As heranças são relativas. O materialismo existencial é ridículo e
reduz-se a pó…
Restarão, pois, as emoções, os sentimentos, os afetos, as memórias dos
mesmos e a vontade infinita de se poder inventar um seu medidor exato, apto a
procurar no espaço ocupado por cada um de nós, em vida, o essencial de cada uma
das nossas existências.
Depois de concluído o exercício, deveríamos estar preparados para
ensaiarmos uma nova peça, dando a conhecer a nossa verdadeira dimensão.
No final, todos aplaudiriam de pé, porque o resultado obtido teria
como base a mais nobre de todas as fórmulas: a verdade! Ao que demos,
subtraía-se o que recebemos, sendo que o resto daria zero!
… /…
Um comentário:
E dando zero, ficaria a prova dos nove efectuada: nada igual a tudo. E a percepção evaporar-se-ia; o rasto mergulhava no abismo; a memória rebentava, polvilhando as flores e os rios. E estaríamos por toda a parte e pertenceríamos a todos e a tudo, que é como quem diz, a ninguém e a nada. Ó triste sorte: quererei eu prolongar-me?
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