Às vezes não
sinto os dedos de tanto escrever
Invento
caligrafias como se a cada nova palavra descobrisse alguém que nunca li
A alma do
poeta hoje acordou cedo e já sentida
Reflexo do
sonho complexo da madrugada
Noites e
noites de sonos vazios e sonhos ausentes
Despertares
de angústia às mãos daqueles que manipulam a vida
E dela fazem
ridículos espetáculos de pantomimas
A noite
inspira o melhor e o pior de cada um…
Quando o
sonho me visita, no escuro do meu quarto
Esboço expressões
que nem eu conheço
Cada uma
delas refletindo uma personagem desconhecida que atuará no dia seguinte
Sem guião e
por isso sem saber qual o papel que lhe cabe…
A vida e os
seus improvisos…
Por isso
tento passar para a folha de papel
Os sinais
que a madrugada deixou em mim, o que me confunde por vezes
Já que os
sonhos não têm tempo
Às vezes não
sinto os dedos de tanto escrever
Invento
histórias que juraria ter vivido
E sonhos
acabados de ter sonhado
Confundo a
vida com os sonhos e com os sonos e fico esgotado
As
caligrafias não têm a beleza de antes…
Mecanizaram-se
e as palavras banalizaram-se e esconderam-se
Em
dicionários amorfos que já ninguém folheia
Porque
deixaram de ter significado(s)…
O tempo dos
sonhos já lá vai…
Ficou o sono…
De vez em
quando, o sonho dá sinal, pela madrugada
Aí, o poeta
acorda, pega nas mãos, na caneta e na alma
E escreve,
escreve, escreve tanto… até lhe doer nos dedos
A dor que
lhe vai na alma, depois…
Depois, adormece e
volta a tombar no sono vazio que o guiará até à morte
… /…
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