Falar ao teu ouvido
Tem qualquer
coisa de magia…
Solta-se a
língua que ensaia danças húmidas dentro da tua orelha
Enquanto o
coração esgota a corda até pasmar…
Nessa tua
orelha perco-me às voltas
Ao mesmo
tempo que as minhas mãos viajam por ti
Descobrindo
rotas de seda na tua pele
Provocando
ondas de desejo que se espraiam
Na enseada
improvisada que é o teu ventre…
Nessa praia
quero descansar
Feliz por
ter sobrevivido ao naufrágio provocado pela agitação do teu corpo salgado…
Quero
encostar os meus lábios e beber das algas o iodo que me ajudará a resistir
À fúria
desse teu mar interior
Tranquilizando
a minha boca de inferno
Ardente como
nunca…
Deitada de
encontro a mim passar-me-ás então todos os códigos de navegação
Registados
em manuais, mapas e cartas de navegação ainda por inventar…
Dar-me-ás a
conhecer portos de abrigo
Onde eu,
feito marinheiro sem navio, jurarei um dia ancorar
Contrariando
toda a arte de marear
Inventando novas
rotas, marés e criativas formas de atracar…
Juntos
cruzaremos as profundezas dos mares e oceanos gelados
Águas
calientes povoadas de tubarões ávidos por nos provarem o sangue
Cardumes de
peixes esfomeados que nos perseguirão
À espera de
serem convidados para a festa final
E assim se
saciarem com o lastro da nossa loucura de amor
De volta ao
teu ouvido é tempo de me escutares…
De
esqueceres por momentos o medo que sempre tiveste do mar
E que
insistes em não perder…
Vá lá, enche
o teu peito de ar e mergulha
Abre os
braços e rasga as ondas…
Deixa que a
água entre em ti e a química da mistura dos elementos aconteça…
Quando isso
acontecer é sinal que a minha língua há muito largou a dança na tua orelha…
Sem teres
dado por isso estarei já todo dentro de ti
Afinal
teremos sido feitos um para o outro e as tempestades dos mares do desejo
Foram sempre
a nossa praia…
… /…
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