sábado, 4 de janeiro de 2014

Tempero

O que me faz sonhar contigo?
Nem eu sei…
A que é que sabes?
Só eu sei…

Fecho os olhos e sinto-te nas minhas pálpebras
Levo algum tempo a habituar-me à ideia de que quando voltar a abrir os olhos
Não te verei mais…
Cerro por isso ainda mais os meus olhos
E deixo-me levar contigo nesse escorrega de emoções
Sinto-te a descer por mim…
Primeiro o teu cheiro
Depois o teu gosto…
Viajas pela minha boca e escorregas na minha língua
Dobro a ponta para não te deixar fugir
Guardo nela o sal
Que trouxeste contigo dos meus olhos
Será ele o tempero para o que virá depois
Aquando do meu despertar...
Segues viagem e instalas-te de vez no meu peito
Sinto-te cá dentro…
Cada batida do meu coração confunde-se com a tua respiração
E ele insiste em bater cada vez mais forte
Sinto-te agora escarlate, viscosa…
Corres por mim adentro a uma velocidade estonteante
Parece que vou rebentar!...
E até isso acontece às vezes…
Será assim por algum tempo
Até que o peito já deformado não reconheça mais a tua presença
Confundindo a tua cor outrora escarlate
Com tantas outras de hoje na minha palete de sonhos em tom pastel
Ah como é bom fechar os olhos e sonhar!...
Ao acordar provar o tempero…
Sabor a sal?
Tanto melhor…

Por quanto tempo?
Não sei…

… /…

Um comentário:

a_ciganita disse...

Pouco importa o tempo, essa invenção demoníaca de quem tem necessidade de controlar os acontecimentos.

Adorei o tempero... intemporal.