Fica o teu
corpo tatuado na minha cama
Ainda que
por lá nunca tenhas passado
Com o rímel
que não usas
Deixas nos
lençóis um poema escrito pela madrugada
E acordas
cansada
Fruto da
vertigem da noite em que não dormimos juntos
Viro-me para
o lado mas tu não estás
E no entanto
cheiro o teu perfume entranhado na almofada que não usaste
De repente sinto
uma aragem fresca no rosto
Que inicia a
descida do meu corpo quente por debaixo do edredão
Refrescando a
minha pele ardente
Relaxando-me
por fim
Não sei ao
que vens
Nem tão
pouco o que desejas
Sei que me
ajeito na cama
Procuro
estar confortável e deixo-me levar nessa brisa
Logo se instala
um temporal sob o olhar atento da lua
E meu leito vira
um mar revolto
O meu quarto
é agora uma tempestade
Onde o meu
corpo feito barco anda à deriva sem mão que agarre o leme
Só mais
tarde vem a bonança
E as ondas
do mar calmo que é o teu corpo
Mais a tua
boca feita areia molhada pela água salgada dos teus olhos
Devolvem-me são
e salvo ao cais seguro onde te invento
Então eu viro-me
para o outro lado
Passo a mão
no lençol na esperança de te encontrar mas tu não estás
Ajeito a
almofada e aconchego-me
Sobreponho as
pernas apertando com força os joelhos
E assim
feito náufrago do teu amor ausente
Só penso em
sair para o mar outra vez
… /…
2 comentários:
...e gracas sejam dadas porque o Homem Poeta mais uma vez se mostra e demonstra e o
Poeta Homem de desvenda e despe.
Perfeito poema, cheio de uma sensualidade linda e cativante; imagens simples e ternas; ritmo e calmaria. João é maravilhosa a forma como o escreves.
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