Assim me despeço de hoje.
Descontraio de mais um dia que passou sem nada de especial ter
acontecido.
Ou não terá sido bem assim…
Um telefonema, uma notícia, o adeus na partida de um barco e a alegria
de ver uma bebé a crescer no colo da sua mãe que a adora, são dádivas de valor
incalculável.
A espera intensa de que um dia tudo vai ser ainda melhor e de que o
mau tempo vai passar, valoriza ainda mais esse património.
O sol, que timidamente deu sinal, mais o silêncio que agora me
envolve, embalado pelo Adaggio de Albinoni, oferecem-me a noite que mereço.
Como se não bastasse, envolto em pensamentos recorrentes, sonho com
quem me ama.
Do meu sonho fazem parte também, todos os meus queridos que já
partiram e que me visitam, nas horas em que a calma desce sobre mim, enquanto
me despeço de mais um dia em que choveu.
E esta recompensa que humildemente recebo, com a ideia de que não
mereço tanto, vivendo a sensação de que fui e sou feliz e de que não necessito
de muito mais, ganha volume com a aveludada perspectiva de que um dia nos
voltaremos a reencontrar…
... /...
Um comentário:
Ainda há pouco, em conversa com o meu filho, ele me dizia que quando se sente down, negativo, rabugento com a vida, em pleno descontentamento de si e de todos, sente algo dentro dele que o obriga a olhar em redor. E é nesse olhar atento e sentido que percebe - intensamente - a sua necessidade de dar graças pelas pequeninas coisas que percebe (afinal) terem enorme valor. E dá graças e liberta-se e fica feliz. Olhemos então em redor, com atenção, e aceitemos que a felicidade depende da consciência que temos -verdadeiramente - de tudo a que estamos ligados, de tudo o que, muitas vezes em simbiose, partilhamos. Creio ser essa (também) uma das nossas obrigações. Só assim estabeleceremos ligações importantes com todo o universo. E é essa atitude, lúcida, desprotegida (porque sem defesas) e simples, que fará com que os que nos rodeiam também sejam mais felizes.
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