quarta-feira, 19 de março de 2014

Arquitetura

Um dia tive uma casa
E a minha casa era o meu mundo
E como eram belos, o meu mundo
E a minha casa
Nela cresci protegido do medo
Nela aprendi o método e o respeito
Nela recebi amor e tomei-lhe o jeito…

E foi assim que cresci
Tive mãe e tive pai
Hoje a casa já lá vai
Mas continuo a ter-te, pai
Da casa guardo tudo
A recordação, a imitação, a verticalidade
A força, os valores, a alegria e a saudade…

Ruiu a construção
Foi-se a casa mas o terreno existe
No meio dos escombros um pilar persiste
Sinal de que outrora
Houve vida alicerçada e que hoje
Sobre as ruínas de um passado recente
Ao seu redor há nova vida e nova gente…

É por isso que te recordo
E guardo sólido sentimento
Sabendo que embora não te vendo
És parede mestra do meu projeto
Pilar da minha casa e do meu mundo
Arquiteto da minha construção, meu papá
E que só por isso viverás p’ra sempre por cá…

.../...

Um comentário:

a_ciganita disse...

A arquitectura mantém-se sempre que se desejem as lembranças que, de tão boas, se expandem, criam raízes e tornam-nos a vida mais simples, mais agradável. A elas seremos fiéis, delas retiraremos, assim, o melhor: a felicidade e a gratidão de nos terem passado testemunhos valiosos e valorosos. Tens de ser um homem, decerto, feliz.