Basta esperarmos cinco
minutos
Assim, com os olhos bem
fechados
E seremos felizes para
sempre.
Caminharemos junto a um
riacho
E saberemos o nome de
todas as estrelas
Contaremos os ramos das
árvores
E atiraremos pedras a
perder de vista…
Ao abrirmos os olhos
Toda a miséria ter-se-á
dissipado
E o riso dos meninos
será da cor dos céus
As nuvens darão os bons
dias às aves
E a chuva fará germinar
na terra
Sementes de esperança
De um novo mundo por
inventar…
Dois minutos e meio já
lá vão
E dentro de outros dois
e meio
Seremos felizes para sempre
Oiçamos, pois, Chopin,
assim, sentados
Enquanto tocamos com as
pontas dos dedos
Nos braços das cadeiras
Marcando compassos que
nos entristecem…
Aqui, sentados no nosso
terraço
Resta-nos já tão pouco
tempo
Observamos a
majestosidade do movimento das nuvens
Obrigando os nossos
olhos a segui-las
Ao som de Chopin, com
elas, arrastam-se todas as imagens
De um mundo belo e
confuso, redondo e achatado
Caleidoscópio em tons de
azul chamado Terra…
Esta Terra composta de
água e terra
A terra que emana
angústias, sonhos, alegrias, medos
E todas as injustiças
advindas do terror dos homens
Que se evaporam nas
nuvens em tons cinzentos
Devolvendo-nos sinais em
forma de água pura
Condensação simples por
entre rebombares barulhentos
Anunciadores de nova
vida…
Sobra-nos agora meio
minuto
Para sermos felizes para
sempre
Estamos ainda a tempo de
tudo
Dispamo-nos destas
roupas
E abracemos as árvores
Mergulhemos de olhos
fechados no riacho
Sustendo a respiração
até voltarmos à superfície…
Ao abrirmos braços e
olhos, respiraremos o céu
Nele não faltará nenhuma
estrela
E rindo, voaremos com as
aves
Ao mesmo tempo que
brincaremos com os meninos
Que germinam na nova
terra
As nuvens embaladas por
Chopin, desaparecerão
E com elas todos os
nossos piores pesadelos…
Esgotado o tempo,
apanhamos a corrente de ar quente
Felizes por ainda
podermos ser felizes para sempre
Há vida nova na Terra!
Chopin rasga os seus
noturnos
Amanhece e o céu é cada
vez mais azul
Abraçados, ouvimos as
quatro estações de Vivaldi
Cinco minutos que foram
por demais…
… /…
Nenhum comentário:
Postar um comentário