Dizem que a vida se cumpre a cada ciclo de sete anos e que o que não
muda, então, durará para a vida inteira.
É inevitável que, sempre que ouvimos tal afirmação, ou quando dela
nos lembramos, de imediato fazemos contas e arriscamos intensas retrospetivas, na tentativa de reconhecermos a dita premonição nos diversos factos e episódios
da nossa vida, decorridos até à data.
Com efeito, somos todos muito iguais e desejamos, por isso, acreditar
em algo sobrenatural que nos guia, dando-nos um propósito de vida. Os mais
resignados, porém, esperam que, a cada sete anos, aconteça algo de extraordinário
nas suas vidas, na expectativa de que qualquer coisa mude, fingindo esquecerem-se que,
para tal, deveriam ter agido ou reagido de alguma forma, num qualquer momento.
É óbvio que, não o fazendo, arriscam-se a ver a vida passar-lhes à frente dos olhos, sem
sequer um vislumbre de mudança.
Os sete anos que amanhã se cumprem falam de coisas diferentes e únicas.
A minha vida mudou há sete anos! A minha vida não mudou da noite para o
dia, mas sim da luz para as trevas, as quais tive de enfrentar, a partir de então.
Ao longo dos últimos sete anos, muitas coisas boas aconteceram também,
mas apenas quando um dia se cumprirem sete anos sobre cada uma delas, poderei
afirmá-lo, com a certeza de não me ter enganado.
Nestes sete anos aprendi a caminhar sozinho, sem bússola ou mapa.
Entristeci por diversas vezes, vacilei outras tantas, assustei-me em muitas
ocasiões, ao mesmo tempo que aprendi a acreditar em mim, nas minhas intuições,
fazendo jus ao legado que recebi e valorizei aqueles que me são queridos.
Estreitei laços, desatei alguns, reforcei afetos, perdi alguns, também e o tempo
dirá se e o quanto valeu a pena.
Há sete anos vivi o dia mais triste da minha vida e nesse dia julguei
ter chegado o meu fim.
Sete anos passados, consegui dar a volta. Há vida para além de então,
reconheço. Mas foi difícil, com intensos momentos de catarse que duram até hoje,
embora mais tranquilos, mais ténues e doces, também.
Na verdade, cumpre-se amanhã um ciclo de sete anos e cumprido que
será, posso afirmar que me sinto, de novo, a ganhar velocidade de cruzeiro.
A máxima confirma-se, depois da tempestade vem a bonança, embora jamais se saiba por quanto tempo (!?...)
No entanto, se é verdade que, por um lado, ao fim de sete anos, observo
que a vida está a mudar e teima em me
mostrar um novo rumo, tendência para a qual eu não fui alheio e lutei
a cada dia que me levantava, Deus sabe com que vontade, por outro lado, há coisas
que não se alteraram e que, com a mais forte das convicções atiro, podem vir
mais sete anos e mais sete e muitos mais múltiplos de sete, é-me perfeitamente igual, pois para
isso não mexi nem mexerei uma palha. Quero que continue a ser sempre assim…
Como tenho saudades tuas, minha mamã!...
2 comentários:
Céptica por adopção e opção, quero arriscar (até porque posso estar enganada quanto ao meu cepticismo), que se algo existe para além da morte, essa mamã espreita sorridente por entre as nuvens. E, com ternura, vela por seus queridos filhos e descendentes, orgulhosa do seu legado. Deixou ensinamentos únicos; valores inesquecíveis; prazer pela vida; forças para iluminar as trevas e transformar o que dói em doces recordações. A felicidade espreita e essa será a sua maior recompensa.
Abencoado Filho de uma abencoada Mae que lhe faz juz sendo quem e' , Sente o teu coracao e reconhce-A prescurta a tua alma e glorifica-A
Olha-te ao espelho e reconhce-A. E da-lhe um beijo meu. Ne'
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