sábado, 21 de setembro de 2013

Diz-me

A que sabem os meus lábios, diz-me…
Quão estranho é o toque quando a tua boca os sente
O gosto a passado incomoda-te?
Ou na verdade sempre negaste o “lave bouche”
Preferindo deixar refinar a sensação de dormência que os anos reforçaram…

E a pele que ao ser tocada, retrai e deseja um novo arrepio
Por mais e mais vezes, como se fosse proibido parar
A pele que arrepanha ao sentir o calor da proximidade da epiderme
Apetecendo não mais lavar
Como se os sinais que transporta desde esse tempo distante
Pudessem garantir a submissão eterna, do toque eterno… na pele macia eterna…

Adoro esses olhos…
Mentira, adoro esse olhar
Que tarde descobri mas que me acalmam a alma
Penetram nos meus deixando-me cego
Ao ponto de não ver a luz senão através do seu reflexo, o reflexo do que tu és

Teu cheiro é demais…
Recordo cada momento em que os nossos corpos se misturavam completamente desconectados
Os pés de encontro ao pescoço e a boca sei lá onde!...
Aonde o nosso desejo nos permitia levar, numa mistura de sensações provocadas pelo olfato
Nesse tempo quebrámos todas as regras
Deixando assim que o futuro nos recordasse

Hoje, a que sabem os meus lábios, diz-me
Quando sentes a minha língua que os beija
E o que veem os teus olhos? Recordam-se eles de então?
Desejam eles o que eu recordo
Ou simplesmente preferem guardar o arrepio e a dormência dos anos?...

… /…

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