segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Hoje foi mentira

Hoje podia não ter acontecido
Só passado e o amanhã que não chega
Hoje foi mentira
E estas mãos que não são as minhas
Pois não agarraram nada
Ficaram inertes a ver as unhas crescer
Perdi-lhes o comando...
Hoje não acordei!
E se me levantei foi porque as pernas insistiram
No cansaço das voltas e trajetos das rotinas
Hoje podia não ter acontecido
E ter-se-iam evitado as palavras ditas há bocado
Até amanhã!...
Hoje ao espelho não me reconheci
Ontem eu era eu e hoje não dei por mim
Espero por mim amanhã
Quando as pernas se levantarem
Logo verei se me reencontrei
Agora, fico-me por aqui
Resta-me esta música que escuto
Que me embalará até ao mais profundo silêncio
Em jeito de celebração por estar vivo
Sem verdadeiramente ter vivido…

… /…

domingo, 29 de setembro de 2013

Retrato XIV (Nuno Ferreira)

Aguarela s/ papel - 2013

Retrato XIII ( Maria Emília)

Pastel de giz s/ papel - 2012

Retrato XII (Tiago)

Aguarela s/ papel - 2012

Inestético

O poema é sem estética
Livre, solto, mas sentido
Sem métrica e até sem rima
Hoje é assim e pronto...

Que o mar não revela perigos
Rebenta em porto seguro
Perto daqueles amigos
Jantando à noite no escuro

Ao som das ondas do mar
Que embala o riso da lua
Gestos e mãos elegantes

Soltam poesia no ar
Revela-se a alma já nua
Insinuam-se os amantes...

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Retrato XI (Catarina)

Pastel de giz s/ tela - 2011

Retrato X (Carlos Peres)

Pastel de óleo s/ tela - 2011

Retrato IX (Sérgio Godinho)

Aguarela s/ papel - 1982

Retrato VIII (Vítor)

Carvão s/ papel - 1981

Retrato VII (José Cid)

Carvão s/ papel - 1980

Retrato VI (Francisco Cuoco)

Lápis de carvão s/ papel - 1979

Retrato V (Sónia Braga)

Lápis de carvão s/ papel - 1979

Retrato IV (Mundinho Falcão)

Lápis de carvão - 1977

Retrato III (Coronel Melk)

Lápis de carvão s/ papel - 1977

Retrato II (Tonico Bastos)

Lápis de carvão s/ papel - 1977

Lisboa VII - Elevador da Bica

Aguarela s/ papel - 2013

Lisboa VI - Alfama

Aguarela s/ papel - 2012

Lisboa V - Madragoa

Aguarela s/ papel - 1997

Lisboa IV - Arco Triunfal

Aguarela s/ papel - 2012

Lisboa III - Rossio

Aguarela s/ papel - 2012

Lisboa II - Basílica da Estrela

Aguarela s/ papel - 2013

Eléctrico VII - Trilhos (Lisboa)

Aguarela s/ papel - 2013

Eléctrico VI - S. Tomé (Lisboa)

Aguarela s/ papel - 2012

Eléctrico V - Baixa (Lisboa)

Aguarela s/ papel - 2012

Eléctrico IV - Sé (Lisboa)

Aguarela s/ papel - 2012

Eléctrico III - Terreiro do Paço (Lisboa)

Aguarela s/ papel - 2012

Eléctrico II - Estrela (Lisboa)

Aguarela s/ papel - 2012

sábado, 28 de setembro de 2013

Veneza

Óleo s/ tela - 1991

Piriquita (Sintra)

Aguarela s/ papel - 2012

Café Le Dôme - Montparnasse (Paris)

Aguarela s/ papel - 2011

Primavera

Lápis de cor s/ papel - 1992

Verão

Lápis de cor s/ papel - 1992

Outono

Lápis de cor s/ papel - 1992

Liberdade

Acrílico s/ tela - 1987

Fantasmas

Acrílico s/ tela - 1987

Prisão

Acrílico s/ tela - 1987

Recantos III (Sintra)

Aguarela s/ papel - 2012

Recantos II (Sintra)

Aguarela s/ papel - 2012

Ribatejo II

Aguarela s/ papel - 1999

Le Relais Gascon - Les Halles (Paris)

Aguarela s/ papel - 2011

Café Le Champ Mars - Trocadéro (Paris)

Aguarela s/ papel - 2011

Bar Le Baltard - Les Halles (Paris)

Aguarela s/ papel - 2011

La Tour Eiffel (Paris)

Gouache s/ papel - 1980

Moulin Rouge (Paris)

Aguarela s/ papel - 2011

Champs Élysées - Paris

Aguarela s/ papel - 2012

L'Arc du Triomphe (Paris)

Gouache s/ papel - 1980

Sacré Coeur - Montmartre (Paris)

Aguarela s/ papel - 2013

Notre Dame (Paris)

Aguarela s/ papel - 1998

Jardin du Luxembourg (Paris)

Pastel de óleo s/ papel - 1981

Quartier Latin (Paris)

Aguarela s/ papel - 2013

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Ordem

Venho de longe
Caminho há já algum tempo
Não que as coisas tenham corrido mal
Não que as coisas não estejam todas ligadas
Ou que o primeiro dia da minha vida nada tenha a ver
Com o décimo sétimo milésimo sexcentésimo septuagésimo
Que é o dia de hoje
Talvez as palmadas que levei ao nascer
Sejam as mesmas que hoje mereço
E o choro que então chorei talvez hoje me fizesse bem  
Por todo o mal que tenho feito
E por tudo aquilo que não fiz
Ou por algo que tenha acontecido e do qual não me apercebi
Precisava rever todos os calendários e vasculhar os dias um a um
Decerto uns tão iguais, outros tão diferentes e únicos
Para encontrar a verdadeira razão de não ter sido
Aquilo que gostaria de ter tido a coragem de ser
Mas o tempo esgota-se e não se repete
Os dias sim, copiam-se entre si…
A ordem a isso obriga…
Copiam-se no nascer do sol, copiam-se no meio dia, copiam-se no ocaso
E, de vez em quando, como que querendo colocar um pouco de glamour
Ao ocaso, chamamos… pôr do sol!?...
E ficamos a olhar a estrela maior, até ela desaparecer na linha do horizonte
A mesma linha que nos degola tantas vezes ao final dos dias iguais
Mas que nos encanta a cada novo final do dia
O tempo passa…
E nem as pancadas da vida nos fazem recuar
Na verdade, somos cada vez mais egoístas porque queremos mais e mais tempo
Arrependimentos, qual quê!?
Soubéssemos nós que éramos eternos e nem do passado nos lembraríamos
Como me chamo? Não sei!
Quem sou eu? Não me lembro!
De quem eu nasci? Foi há tanto tempo!...
Chorar, já nem sei… Chorei quando nasci…
O que fiz com os dias?... Já me esqueci.
Não sendo assim, retomamos os dias…
Os dias que se copiam
Mais a ordem que se respeita
O sol que à noite se deita e dorme noite fora…
A hipocrisia que desperta com a aurora
E que, rindo-se, diz…
Tão bom estar-se vivo!

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sábado, 21 de setembro de 2013

Diz-me

A que sabem os meus lábios, diz-me…
Quão estranho é o toque quando a tua boca os sente
O gosto a passado incomoda-te?
Ou na verdade sempre negaste o “lave bouche”
Preferindo deixar refinar a sensação de dormência que os anos reforçaram…

E a pele que ao ser tocada, retrai e deseja um novo arrepio
Por mais e mais vezes, como se fosse proibido parar
A pele que arrepanha ao sentir o calor da proximidade da epiderme
Apetecendo não mais lavar
Como se os sinais que transporta desde esse tempo distante
Pudessem garantir a submissão eterna, do toque eterno… na pele macia eterna…

Adoro esses olhos…
Mentira, adoro esse olhar
Que tarde descobri mas que me acalmam a alma
Penetram nos meus deixando-me cego
Ao ponto de não ver a luz senão através do seu reflexo, o reflexo do que tu és

Teu cheiro é demais…
Recordo cada momento em que os nossos corpos se misturavam completamente desconectados
Os pés de encontro ao pescoço e a boca sei lá onde!...
Aonde o nosso desejo nos permitia levar, numa mistura de sensações provocadas pelo olfato
Nesse tempo quebrámos todas as regras
Deixando assim que o futuro nos recordasse

Hoje, a que sabem os meus lábios, diz-me
Quando sentes a minha língua que os beija
E o que veem os teus olhos? Recordam-se eles de então?
Desejam eles o que eu recordo
Ou simplesmente preferem guardar o arrepio e a dormência dos anos?...

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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Copie e cole

Rasguei papéis
Guardei em mim todas as memórias
Cataloguei-as cá dentro por ordem de importância
Hoje dou conta do trabalho que isso deu
É que a importância de cada uma varia a cada dia
A cada hora…
A cada minuto…
Não, a cada segundo
Porque uma leva a outra… e a outra… e a outra…
São tantas que eu já nem me lembro…

E atrás de cada uma
Que eu já não lembro
Muitas outras se esconderam, ficaram perdidas…
Tal como eu…
Ainda ontem eu era eu e hoje de manhã deixei de o ser…
Ou foi há uma hora?…
Terá sido há minutos?…
Não, há segundos!?…
Que é feito, porque me escondi… porque me perdi?…
Porque? Porque?…  Já não importa…

Agora tenho-te a ti!
Como auxiliar das minhas memórias
Contigo revivo as memórias rasgadas
Contigo volto a colar todos os papéis
Contigo posso até parar o tempo
Por momentos…
Por muito tempo…
Por toda a vida…
Porque ao pé de ti, o tempo é relativo
E o passado confunde-se com o futuro…

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