Dependendo
do acaso e até da circunstância
É suposto
partirmos todos esticados
Não sei se é por arrumo ou se é por elegância
Com a barriga p’ra
cima lá vamos deitados
Acontece-me a mim que não vou confortável
Porque em tal posição não consigo ficar
Pois que o raio do
refluxo é p'ra mim desagradável
Muito capaz de
a morte fazer despertar
No meu caso então
que me ponham de lado
Se possível
virado para o meu direito
Ainda assim
fico todo dorido e empenado
Porque o raio da coluna está torta e sem jeito
Está visto
que o que safa o corpo são as pernas
Que o resto
da carcaça está velho e a sofrer
Se não for
do refluxo o meu mal está nas hérnias
E assim sendo o melhor é nem sequer morrer... /...
Um comentário:
Para um lado ou para o outro, escolha quem me vir partir.
Tanto me faz!
Apenas peço que me flictam a perna sobreposta. Que a encolham bastante, sob a curvatura do resto do corpo.
Já agora, uma mão sob o rosto.
Espalhem, por favor, uma côdea de pão nos dedos da outra mão e coloquem-nos entreabertos junto ao nariz, para ser mais fácil, o polegar pode ficar na boca.
Se houver vida para além da morte, ao renascer, saberei reconhecer a criança que fui um dia e não perderei a que hoje existe em mim.
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