Sofri muito por detrás daquela porta
Ali te esperei, dias e dias, noites após noites
Preparei-me vezes sem conta ao espelho
E vesti sempre as minhas mais bonitas roupas
Na esperança de que me encontrasses bela
Olhava-me ao espelho
E achava que há muito te merecia
Depois, sentava-me e esperava…
Tu não vinhas…
E os dias terminavam tristes para mim
Deitava-me cansada, esgotada, a chorar vezes sem fim
E suplicava em desespero a tua vinda
O corpo abandonado e o espírito doente
Sem tempo para se cuidarem…
Assim se repetiram os dias, os anos…
As roupas deixaram de me servir
E eu achava-me cada vez menos bela
Um só consolo me dava forças para continuar
A certeza de que a cada dia estava mais perto a tua vinda
O corpo deformado, já desgovernado
Era comandado pela alma há muito entregue a ti
Finalmente, esse dia chegou,
quando eu não aguentava mais…
Já não te esperava, já tinha desistido…
Bateste à porta, perguntei “Quem é?”
Respondeste, “ Sou eu, a morte, vim buscar-te”…
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