segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Caloiros, Pastranhos e Doutores...

Voltei a não resistir...
Depois do texto sobre o Guedes e o seu gang, pensava eu que não podia ser pior... 
Mas hoje, fui novamente surpreendido, no mesmo local, ali, na Quinta das Conchas.
O estilo foi o mesmo. Digamos que se manteve a forma, mas… e o conteúdo!?...
No mínimo assustador.
O texto desenrola-se com frases soltas, dispersas, que fui apanhando e registando ao longo da conversa profunda, sentida, rica, didática, desenvolvida por um grupo de quatro jovens estudantes.
Outra vez, elas em maioria. Uma vez mais, só ouvi o nome dele, mas também não é importante.
Tratavam-se de estudantes universitários e o tema andava à volta das praxes.
Pelo que percebi, duas das raparigas eram caloiras, os outros dois, ele e ela, exerciam já um papel dominador, quer na conversa, quer na hierarquia, ou lá o que quer que seja, da fantochada praxista:

- Há bué da cenas que tão erradas meu!...
- Mas pronto, não, não e não.
-Eu oiço ali conversas, que até nem eu percebo porque é que os putos tão a levar na cabeça!?...
- Tamos já a meio do campeonato e ainda não se fez nada como antigamente…
- Tens uma Colgate (alcunha) a quem não podes exigir mais… Só de pensar que eles vão ser futuros Doutores!...
- A cena é que é assim, a gente tá a levar isto da melhor forma.
- Ai caralho, hoje já é quarta… é que isto não é nada!
- Vocês não têm a noção da voz… do poder que nós exercemos.
- Se for eu a falar, o puto ouve. Tenho a Vitória (colega) que pode falar com ele…
- Agora percebo porque é que o puto me olha mal!
- Mas sim, o açoriano dá p’a falar com ele.
- Foda-se, esse caralho!?...
- Esse gajo!? Foda-se… Só de olhar!
- Só não quero que o Miguel tente endrominar…
- Ele não tem voz, não consegue chegar.
- As pessoas sentem quando o Miguel fala… sentem que é uma cena pensada…
- Quando eu falo, tou-me a cagar, falo o que quero!
- Sejamos honestos, Sérgio, isto já vem de trás.
- É isso que eu ia dizer, meu. Estes seis meses que eu não estive cá, o que é que aconteceu, meu?
- Entre nós, foda-se, que relação temos, foda-se?...
- No nosso tempo, tinhas uma Maggie que sabia falar, foda-se…
- E vias isto dos Doutores, foda-se havia respeito.
- O que é que queres, caralho!? Passámos as passas do Algarve. Mas tínhamos pessoas a honrar!
- Foi uma comissão tão boa.
- Nós éramos praxados como éramos. Eu sabia que ia p’a lá sofrer com’ó caralho, mas ia…
- Esta última, não sei como correu (!?...) Mas a penúltima, foda-se…
- Agora temos o contraponto, ou os putos entram nos eixos.
- Agora a gente pode agarrá-los!
- Não gosto de veteranos ausentes. Nós somos veteranos presentes.
- Há pessoas que não têm cabeça. Que acreditam em nós e levam uma vida académica, ou então ouvem pessoas que lhes dizem o que querem.
- Mas é só se os putos sentirem mais.
- Nós tentamos puxar por eles.
- Como é que ele faz um batismo de capa, sabendo que é honra, união?...
- Punham dois veteranos e tirávamos uma foto juntos.
- Quando o curso não vai com as nossas decisões, há ali uma ganda falha.
- A partir de segunda-feira temos RPI.
- Expliquem-me lá aquela cena: “Jessica, desculpa lá mas não quero falar mais contigo!”…
- Não é jantar, é aquela noite.
- A única pessoa que está aqui, que sabe que um olhar meu já traz alguma coisa que vem de trás…
- O que eu quero dizer é que, por exemplo, a Luísa já conhece alguns olhares meus…
- Há ali bué da merda que eu não gostei, mas havia ali cenas que eu disse, espera, tens alguém contigo.
- Ele sabia que eu ia destrajar.
- Eu quando tou, tipo olhos abertos, ele sai.
- Eu, p’ra mim, eu sinto bués…
- Eu, se pudesse escolher, não tinha tido Erasmus.
- Agora, eu acho que vocês confiam em nós mais ou menos.
- Vocês têm dúvidas na cabeça, muita merda também, mas vocês confiem em nós. Venham falar comigo.
- O que é que eu disse ao telefone? Achas que eu posso confiar e eu, tipo, o que é que esta gaja quer?
- Sou bué paciente… Bué, bué paciente…Demoro bué a encher.
- Este gajo vai ter de ouvir dos dois lados. Ouviu a gaja, agora vai ouvir o Miguel!
- Eu acho que aquele gajo é obsessivo. Ele endromina esta merda toda.
- Eu estou perdido. Eu quero que vocês me digam críticas construtivas da minha pessoa.
- Mas é só isso, meu, não sei…
- Tu tás ali, mas não tás.
- Temos de esquecer os Doutores e concentrarmo-nos nos Pastranhos.
- Acho que quando dermos o bum, pegamos nos putos e perguntamos-lhes as coisas. E cuidado, não falem à frente dos Pastranhos!

A meio da conversa destes futuros doutores, já a senhora, na mesa ao meu lado, se tinha levantado, deixando a esplanada com um sorriso nos lábios, que me pareceu de desespero.
Eu fui ficando, até não aguentar mais!... 

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