domingo, 27 de outubro de 2013

Queda livre

E se de repente eu abrisse a mão soltando a tua que me agarra?       
Se os nossos dedos desatassem os nós que demos tão apertados!?
Talvez a queda a que me sujeitasse fosse enorme…
Mas valeria com certeza a pena…
Desmultiplicar-se-ia o tempo desde o derradeiro momento
Em que os nossos dedos se abandonariam,
Até que o solo recebesse o impacto do meu corpo,
O qual seria tão forte, sem que por isso deixasse mazelas,
Uma vez que o chão o receberia feito colchão recheado de memórias
Felizes e únicas, em número razoável,
Tantas quanto todos os momentos divinos da minha vida
E que são tantos!…
Que nessa desmultiplicação,
O percurso percorrido em vorazes segundos
Pudesse parecer uma eternidade
Dando-me assim a oportunidade de revisitar
Os mais belos momentos da minha existência,
Que teimam em continuar a existir...
Talvez por isso, de cada vez que desatamos nós,
A queda seja inevitável,
Para que as possamos sentir…
A desmultiplicação do tempo e a própria queda…
Restituindo-nos a vontade de voltarmos a viver,
Tornarmos a entrelaçar as mãos e os nossos dedos voltarem a dar nós
Procurando desenfreadamente, de novo, o abismo,
Como se de um magnetismo se tratasse e a isso nos forçasse
Restando, tão só, esperar que, ainda assim,
Possamos, a cada vez, tentar ser felizes…

.../...

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