Sou mesa de
quatro pés
Revirada dentro da minha casa
Quando a
noite cai
Desato num
galope, em desatino
Ganho vida e
não durmo…
Esta mesa
onde eu como,
Onde escrevo
e sinto que os dias passam,
Entre um pequeno-almoço
e uma ceia que sabe a sono,
Onde,
cansado, poiso os braços, encosto a cabeça
E costumava
dormir tranquilo…
Hoje a minha
casa foi povoada
Por
fantasmas sem rosto, com mãos de látex
Olho para o
teto e vejo o chão,
Virado que
estou do avesso,
Eu feito
mesa,
De pés colados
ao teto…
A minha casa
é um tanque de emoções esquisitas
Onde os
objetos perderam o pé
Parecendo
boiar juntamente com as imagens
De
recordações tranquilas e doces…
Pouco a
pouco, a água subitamente revolta,
Feita
tempestade, intempérie que me confunde,
Indica que o
meu refúgio é a minha casa
E que logo,
logo, a bonança vai voltar…
Mesa, cama,
roupa, loiças e teto
São os
faróis referência
Que me guiam
e ajudam a prosseguir a rota
Cujo destino
é a minha casa,
Relicário
inexpugnável,
Hoje, porto
inseguro
Tomado por
piratas fantasmas que desconheço…
... / ...
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