A que sabem
os meus lábios, diz-me…
Quão
estranho é o toque quando a tua boca os sente
O gosto a
passado incomoda-te?
Ou na
verdade sempre negaste o “lave bouche”
Preferindo
deixar refinar a sensação de dormência que os anos reforçaram…
E a pele que
ao ser tocada, retrai e deseja um novo arrepio
Por mais e
mais vezes, como se fosse proibido parar
A pele que
arrepanha ao sentir o calor da proximidade da epiderme
Apetecendo
não mais lavar
Como se os
sinais que transporta desde esse tempo distante
Pudessem garantir
a submissão eterna, do toque eterno… na pele macia eterna…
Adoro esses
olhos…
Mentira,
adoro esse olhar
Que tarde
descobri mas que me acalmam a alma
Penetram nos
meus deixando-me cego
Ao ponto de
não ver a luz senão através do seu reflexo, o reflexo do que tu és
Teu cheiro é
demais…
Recordo cada
momento em que os nossos corpos se misturavam completamente desconectados
Os pés de
encontro ao pescoço e a boca sei lá onde!...
Aonde o nosso desejo nos permitia
levar, numa mistura de sensações provocadas pelo olfato
Nesse tempo
quebrámos todas as regras
Deixando
assim que o futuro nos recordasse
Hoje, a que
sabem os meus lábios, diz-me
Quando
sentes a minha língua que os beija
E o que veem
os teus olhos? Recordam-se eles de então?
Desejam eles
o que eu recordo
Ou simplesmente preferem guardar o
arrepio e a dormência dos anos?...
… /…
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