Nesta vida como em tudo
Há lugares que são distantes
E embora redondo o mundo
Nada é como foi dantes
Falo da felicidade
Da alegria que é viver
Quando o mundo na verdade
Está deveras a sofrer
Se seu choro é de tristeza
Hediondo é o seu destino
Dor e ódio sobre a mesa
Refeição daquele menino
Mar de esperança em seu redor
Num barquinho de papel
Vaga pintada a pincel
Vela a praia com amor
Troquem-se as voltas ao mundo
E depressa enquanto é tempo
Porque às vezes num segundo
Pode soprar novo vento
... /...
Traços com mais ou menos cor, às vezes enérgicos, outras vezes inseguros, mas sempre honestos... Traços de tinta que constroem palavras, que à vez, transmitem mensagens, uns dias mais perceptíveis do que outros, mas sempre sinceras... Textos, poemas, desenhos, coisas que ainda não imaginei, mas que certamente virei a partilhar. Marcas no papel, na tela, traçadas e/ou escritas com vontade verdadeira, por vezes ingénuas, por vezes provocadoras... E ainda há tanto para fazer ...
domingo, 15 de novembro de 2015
terça-feira, 29 de setembro de 2015
Sombras
Cada vez mais
Convencido da verdade falsa das coisas…
Ainda há pouco na rua
O sol projetava sombras escuras
Contornos preenchidos dum profundo negro
De gente ambígua na sua rotina…
As ruas estavam cheias
De pessoas parecendo pombos
Esvoaçando sem rumo ou direção
Chocando entre si
Num frenesim, feito jogo de crianças aos gritos
Carregando consecutivamente com os seus dedos
Botões que dão ordens a quem passa
Compondo a desordem, qual reflexo das suas vidas…
De repente há um carro que passa e não permite ouvir
O que se gostava de ter ouvido…
A perda do olhar lançado a algo que desapareceu
Por detrás do objeto em movimento
Projetando o desejo e a curiosidade
De se voltar a olhar o que não é permitido
Apenas porque um capricho de momento
Traçou linhas de perspetiva impossibilitando o vislumbre…
Por fim, o sol que projeta as sombras…
As sombras que se escondem por detrás dos corpos
Nos seus contornos preenchidos dum profundo negro
Caminhando rumo a nenhum lado…
Cada vez mais
Convencido da verdade falsa das coisas
Tropeço nas sombras da rua…
... /...
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
Coitadinhos
Não há lógica nos atos
Nem grandeza na atitude
Que a ingratidão amiúde
Tem os seus dias contados
Porque nunca nada é nosso
Nada é mais do que emprestado
Quando a simpatia é esforço
Esse papel é escusado
... /...
Nem grandeza na atitude
Que a ingratidão amiúde
Tem os seus dias contados
Porque nunca nada é nosso
Nada é mais do que emprestado
Quando a simpatia é esforço
Esse papel é escusado
... /...
Laura linda
Laura linda de mochila
Primeiro dia de escola
Vai contente e vai reguila
Louca p'ra chegar à aula
De mão dada com a mamã
Depois de tomar café
Vai na rua p'la manhã
Aos pulinhos p'lo seu pé
... /...
Primeiro dia de escola
Vai contente e vai reguila
Louca p'ra chegar à aula
De mão dada com a mamã
Depois de tomar café
Vai na rua p'la manhã
Aos pulinhos p'lo seu pé
... /...
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
Mutilátu
Viajo à velocidade da luz
Porém só lá vão dois minutos
Figuras balsâmicas perdidas no tempo
Ensaiam compassos com seus braços enormes
Na espera de um abraço
Volto ao meu sono por outros tantos minutos
Braços mutilados os meus
As mãos, trago-as decepadas, dentro dos bolsos
Na minha bolsa marsupial só te tenho a ti
Porém só lá vão dois minutos
Figuras balsâmicas perdidas no tempo
Ensaiam compassos com seus braços enormes
Na espera de um abraço
Volto ao meu sono por outros tantos minutos
Braços mutilados os meus
As mãos, trago-as decepadas, dentro dos bolsos
Na minha bolsa marsupial só te tenho a ti
quinta-feira, 23 de abril de 2015
Parto adiado
Abril puro
como a água
Que bem
querem inquinar
Vem p'rá rua
festejar
Acabar com
esta mágoa
Que teu povo
de verdade
Não vai
nunca te esquecer
Apesar da
tua idade
Estás ainda p'ra nascer!
... /...
segunda-feira, 23 de março de 2015
Virar da página
O virar da
página
Quando já
nada é esperado…
Livros são
histórias
Contadas em
muitas folhas
Intrigas que
ficam para trás...
O virar da
página
Momento tão
desejado...
Um simples toque com o dedo, e... Zás!!...
Um simples toque com o dedo, e... Zás!!...
A angústia do
corte
O vazio do
silêncio
O medo do torpor
Vestindo um luto de morte
Vestindo um luto de morte
Colorido pela dor...
Luta heroica e depois
Como travar a amargura?...
Viva o
escritor sem medo da história!
Viva o
leitor ávido de leitura!...
Viva tanto
sofrimento dos dois!
Viva, viva, tanta loucura!...
O livro que caminha para o fim
Na ânsia insegura
de que tudo foi escrito
Tem novo
significado, sim
Na certeza de que nem tudo foi dito...
E no final, com o livro já fechado
A sensação
de que algo foi apagado...
O livro
que não saiu da estante
A lombada firme aguardando o momento
Da mão que o
pega e que perdida no tempo
Retoma o prefácio, tão perto, tão distante…
... /...
quinta-feira, 5 de março de 2015
Meu nome é João Aristides Galaró, ou então, estranha forma de começar o dia
Hoje fui Aristides e Galo Galaró, ao mesmo tempo.
Porquê?... Ah, não sabem!?...
Antes de passar a explicar, sugiro que os mais pudicos e os mais
impressionáveis, ou mesmo os mais depravados, da treta, é claro, fiquem por
aqui.
O que aí vem pode ferir os ouvidos e as mentes de alguns leitores.
E pronto, a história do Aristides é a seguinte:
- Era uma vez uma quinta. Nessa quinta, havia um galo, de seu nome
Aristides, já a entrar numa idade respeitável, é certo, mas segundo a opinião
dos galináceos residentes, ainda muito competente.
Pelos vistos, não o suficiente para convencer o seu dono, que só
pensava em lucro, em detrimento da satisfação geral, ou seja, da alegria no
galinheiro.
O Aristides era um senhor e dava conta do seu recado, nunca deixando
de colocar todo o seu savoir faire em
tudo o que fazia.
A sua principal tarefa diária consistia em galar todas as galinhas
poedeiras da capoeira, tarefa que desempenhava tranquilamente, para satisfação
de cada uma das galinhas, já habituadas ao seu ritmo, charme e elegância, no
ato.
Acontecia que, o dono, como muita gente que por aí há, começou a achar
que o Aristides estava a ficar velho para o cumprimento da tarefa e, por isso,
tratou de lhe arranjar um assistente, mais novo, a pensar já na sua reforma e
imaginando o aroma e aparato do arroz de cabidela, no tacho.
Deste modo, por respeito, ou por sabe-se lá o quê, por peso na
consciência, talvez, chamou o Aristides à parte e falou-lhe das suas intenções.
Disse-lhe, em jeito de comprometimento:
- Aristides, conto com a tua compreensão e colaboração – ao que o
Aristides, pessoa de honra marcada, acedeu e, desde logo, se prontificou a
ajudar o seu novo colaborador.
Dois dias depois, o Galo Galaró, assim se chamava, foi-lhe
apresentado.
Jovem, nervoso, cheio de tiques e de vontade, cedo percebeu que estava
ali para lutar por um lugar ao sol e que emprego como aquele era tudo o que de
melhor um galo podia aspirar.
O Aristides, perfeccionista e cavalheiro no desempenho da sua
atividade, fez o que se chama um verdadeiro brefing,
dando-lhe total conhecimento da sua tarefa diária e, como pessoa íntegra que
era, não fugiu às suas responsabilidades de mentor, informando-o:
- Amanhã, pelas seis da madrugada, estarás aqui e eu acompanho-te na
tua estreia. Dividimos a tarefa pelos dois e assim é tudo mais fácil.
Assim aconteceu. Na madrugada seguinte, quando ainda sonolento, a
esfregar os olhos, chegou ao páteo da capoeira, o galo Galaró deu com todas as
galinhas perfiladas, de rabo para o ar!... Ficou doido!
O Aristides, que mais parecia um capitão de companhia com o seu
exército formado na parada, de asas cruzadas atrás das costas, caminhando de cá
para lá, virou-se para o Galo Galaró e disse-lhe:
- É simples. A missão é galarmos as galinhas diariamente. Tu começas
pela direita e eu pela esquerda, até nos encontrarmos no meio. Ah!... Existe um
pormenor. Tudo tem de ser feito com o maior respeito pelas senhoras. Assim,
quando te abeirares da primeira, ao mesmo tempo que a galas, cumprimenta-la
“Bom dia, minha senhora”, segues para a segunda e dizes “Bom dia, senhorita”,
novamente “Bom dia, minha senhora”… e assim sucessivamente. Posso contar
contigo? – perguntou-lhe.
O Galo Galaró estava louco!
Disse que sim e colocou-se na linha de partida, do lado direito,
conforme sugerido.
O Aristides, no lado esquerdo, deu o sinal de partida.
Com o seu ritmo habitual, o Aristides, tranquilo, cumprimentava uma a
uma as galinhas, enquanto executava com calma e saber a sua tarefa.
- Bom dia, minha senhora – e passava à seguinte.
- Bom dia, senhorita – e lá seguia.
Investia na terceira e dizia:
- Bom dia, minha senhora – tudo com a maior das calmas.
Pelo seu lado, o Galo Galaró, muito acelerado, parecia funcionar em setenta
e oito rotações:
- Bom dia minha senhora, bom dia senhorita, bom dia minha senhora, bom
dia senhorita!! – como se não houvesse amanhã…
Ainda longe do meio da fila, o Aristides continuava:
- Bom dia, minha senhora…
E o Galo Galaró:
Bom dia minha senhora, bom dia senhorita, bom dia minha senhora! – até
que!?...
- Bom dia senhorita, bom dia minha senhora, desculpa Aristides –
(!?...)
Assim foi hoje!
Tal como com o Aristides, os anos passaram e resolvi fazer a revisão
dos 50.000 Km, convencido que estou de que ainda existe um galo Galaró dentro
de mim.
Mal sabia que nesta revisão teria de ser submetido à fatal ecografia à
próstata, a fim de poder enfrentar os próximos 50.000 Km. Talvez o mais
parecido em linguagem automóvel seja falar-se no check-up da centralina! Não sei se faz sentido, mas é sugestivo.
Pelo sim, pelo não, comprei a tal pistola para o médico me dar um tiro
de imediato, caso o exame me fosse agradável.
Não foi preciso. Não gostei. Mas está feito!
Espero que o resultado seja encorajador e que eu possa continuar a dar
conta da minha tarefa, se possível, meio Aristides, meio Galo Galaró.
Agora, o que me fez lembrar de toda esta história, foi o facto do Dr.
Braço Forte (só o nome assusta! Imaginem quando o exame era feito por toque…),
ao preparar-se para fazer a ecografia, com ar de quem não ia fazer coisa boa,
me disse:
- Desculpe…
Aquilo soou-me a:
- Desculpa Aristides!...
Para o que um homem está guardado!?...... /...
segunda-feira, 2 de março de 2015
Contradição
A razão por que eu sou nada
É talvez por
já ter sido
Uma história
mal contada
Um poema sem
sentido
Contradição
do poeta!
Discussão
intemporal
Toda a
obra é sujeita
A
controvérsia, é normal
Importante
é refletir
Se a entrega
foi total
Isso é que nos faz sentir
Quão a arte
é universal
E em todo
este desatino
A que se
chama criação
A procura é
o destino,
Destino é a
insatisfação
Pobre poeta,
pois então
Com sua vida
baralhada
Poema sim em
vez de não
Falsa história bem contada... / ...
Segredo
Entre risos
caminham a passo
Por Lisboa, tão
linda cidade
Com suas bocas
trocando humidade
Num só beijo
que sela o abraço
E assim sendo há quem ponha a questão
E assim sendo há quem ponha a questão
Porque
andaram os dois afastados
Será que se
explicada a razão
Deixam todos de
andar tão cismados?
Mas porque é
que se havia de ter
A vontade de
a todos falar
Muito mais
interessante é ver
Para lá do
que está bem à vista
Que o saber
receber e o dar
É o segredo
maior da conquista
… /…
Questão geométrica
Nunca me
olhei nas costas.
Nunca me
olhei nos olhos.
Dito isto…,
Simplesmente
não me conheço.
Não sei o
que sentiria
Se o meu
olhar penetrasse os meus olhos?
Ou tão só se
apercebesse da largura dos meus ombros
Traçando uma
perpendicular à verticalidade torta
Da minha
coluna…
Não, o
espelho não resolve.
Embacia
frequentemente.
Apenas
reproduz a imagem inicial.
Não mais do
que a cópia ou o reflexo inflexo
Do eu que eu
não conheço.
Vou comprar
um esquadro p'ra com ele
Traçar todas
as linhas tortas que desconheço.
Com um
transferidor, transferir o ângulo
Da
perspetiva das coisas
Perspetivando-o no plano
do desconhecimento…
Fica assim a
coisa mais simples…
Melhor mesmo não
me conhecer!...
... /...
domingo, 22 de fevereiro de 2015
À deriva
Cansado, não
sei
Da vida,
talvez
Amor, eu
navego
Em mar
português
E às duas
por três
Nem sei se
renego
Por uma só
vez
O quão
naveguei
Perdido no
mar
Carrego a
saudade
À tona da
água
Vou na
enxurrada
Minha alma
molhada
De mar e de
mágoa
Toda ela é
verdade
Pronta a se
afogar
… /…
Meu pinhal, meu país
Oh pobre pinhal queimado
O que avisto desta janela
Moribundo a meu lado
Cor de esperança? Nem vê-la!
Ainda em pé, tristes e sós
Árvores choram resistentes
De troncos negros e ardentes
Consumidas, já sem voz
Triste imagem
a deste país
Mesmo em nada diferente
À de toda a
sua gente
Escura, cinzenta e
infeliz
... /...
sábado, 14 de fevereiro de 2015
O amor anda no ar e às vezes evapora-se
Parece que o amor anda no ar!...
Hoje, é o dia
de São Valentim. E daí?...
Desde sempre,
quando ouvia o nome Valentim, associava-o imediatamente aos discos do Valentim de Carvalho.
Mais tarde,
por volta dos 12 anos, altura em que comecei a ler a “A Bola” regularmente, Valentim
só havia um, o Loureiro e mais nenhum!
Ah, e na
Emissora Nacional, bem como no Rádio Clube Português passava uma música com um refrão que
nunca mais esqueci “Quero o Valentim, olaró laró, quero o Valentim, olaró meu bem”!?... E aqui sim, existiam já alguns sinais de amor…
Mas, afinal
quem foi Valentim, aquele que dizem ter sido santo?
Humm, de
santo, ele não tinha nada. Então, sendo ele bispo, desobedeceu às ordens de
Roma e continuou a celebrar casamentos numa época em que tinham sido proibidos!? Mais me parece ter sido uma atitude bem humana, a da desobediência...
Pobre
Artérias, que sendo cega, logo tinha de se apaixonar por um homem que lhe escrevia cartas do
calabouço. Diz a história que, milagrosamente, recuperou a visão. Não se sabe
mais nada, nem sequer se alguma vez o chegou a ver!?...
Fica à
imaginação de todos, se por acaso isso aconteceu e a pobrezinha fugiu para sempre, ou se
para além da visão, recuperou também o juízo!?...
Já hoje a
loucura é geral!
Bem que hoje tanto podia ser o Dia de São Valentim, como o Dia das Mentiras. Há
dias para tudo e não há de tudo todos os dias.
Recordo há
uns anos que, numa noite de 14 de Fevereiro, ali, num restaurante junto às docas,
jantei com uma amiga minha… Sim, verdade, apenas amiga!
Conversámos
durante todo o jantar e estivemos em modo de observação contínua, comentando o
que se passava nas outras mesas, ao nosso redor.
Nalgumas
delas havia certamente paixão no ar, mas noutras, senão na maioria, o ar de zanga de alguns casais era notório e o
silêncio existente entre outros, era de cortar à faca. Até as velas românticas
nos pareciam de prece, ou súplica, rogando a São Valentim que os tirasse de lá, o
mais rápido possível.
Gostava de
saber quantos daqueles casais de namorados, continuam juntos, quando até a
amizade pela minha amiga se apagou com o tempo…
Pois é, mas hoje é
dia de festejar os novos, os velhos, os eternos, os efémeros e até os adiados amores! Viva o São Valentim!
Vivam as
flores e as floristas, os restaurantes e os chefes! Vivam as juras e as promessas
de amor, com figas por debaixo da mesa! Vivam as mãos nas pernas e vivam os
empernanços! Vivam as trocas de olhares apaixonados e os olhares que nunca se
encontram…
Acho apenas
que o homem altera tudo isto e o espírito da coisa é deturpado logo à nascença. O
dia dos namorados devia ser celebrado todos os dias, cliché que já cansa. Mas a mentira também é um cliché e as paranóias coletivas também.
Os casais
deviam ser sempre felizes e não tirarem o dia de hoje para o serem forçosamente, ou simplesmente casais.
E porque não
há-de ser tudo ao contrário?... Porque é que o dia de hoje não é dedicado aos que não têm
nenhum amor nas suas vidas? Porque é que aqueles que amam e não são
correspondidos, não hão-de de celebrar o amor também? Porque é que não brindam alguns aos seus ex amores!?...
Não haverá
por aí um restaurante com um programa de festa para esta gente? Sem velas,
sem música romântica e sem felicidade inventada?
Seria certamente um
nicho de mercado interessante.
Iria ser bem
divertido. Um jantar com gente real, alguma dela disposta a embarcar numa
aventura amorosa e tudo, tudo gente sem compromissos impostos.
Um
verdadeiro jantar dedicado ao amor!
E mais, poder-se-ia convidar o São Martinho, já
que, com o frio que está, umas castanhinhas saberiam sempre bem. O São Cristóvão também, padroeiro
dos viajantes, para no final os levar de volta a casa, em segurança... Por fim, o São Pedro, trazendo com ele as suas chaves, úteis para lhes abrir a porta…
Já o São Valentim, ficaria tão somente encarregue de escrever uma carta a todos os namorados e
casais oficialmente reconhecidos, dizendo o seguinte:
- Vá lá, deixem-se
de tretas, venham mas é para a nossa
festa, se não, chamo o São João para vos dar com uns alhos porros na cabeça!
... /...
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
Sol e sombra
A sombra
existe porque há sol
E a mão
escreve com vontade
Escondida em
mim a recusa do abandono
A recusa da
escuridão…
Crianças
brincam no jardim
Trazem um
chapelinho nas cabeças
Não vá o sol
fazer-lhes mal
Mas e eu?...
Porque é que
eu não escrevo com luvas!?...
Escrevo como
quem brinca ao sol
Solto um
grito, um sorriso, um soluço
Agarrado à
fluidez das palavras deixo-me ir
Como quem se
agita no baloiço e balanço
Voo cada vez
mais alto
Vou cada vez
mais longe…
E não tenho
medo da queda
O sol
projeta a sombra em movimento
Que nunca
toco
Mas sigo com
o olhar…
Salto do
baloiço
Despeço-me
das crianças e do sol
E guardo a caneta no bolso... /...
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
Poema inacabado
Nunca me
levei a sério
Em tudo
aquilo que fiz
Minha
escrita é um mistério
Verve pobre,
infeliz...
Sem ter
forma ou conteúdo
Num desatino
que asfixia
Meu
silêncio é poesia
Se gritado por um mudo
E se algo eu
nunca escrevi
Ou se aqui
não foi mostrado
Silêncio! Deve-se a ti!
És poema inacabado...... /...
Se assim não for
Deste vício eu não me queixo
Alimento dos meus dias
De te amar eu não me deixo
Diz-me tu se é como querias?
Se não for desta maneira
Então não é bom indício
Passa a ser um desperdício
Forma menos verdadeira
Que o amor deve ser louco
Desequilibrado e doentio
Se o não for sabe-me a pouco
Gela-me o peito com frio... /...
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
Sou, sou, sou...
Sou o tosco,
o naif, o poeta
Sonhador, o
artista da treta
O pintor, dos que pinta aguarelas
Contador de outras tantas balelas
Sou a
anedota, sou o riso e a piada
Tanta
coisa e às vezes sou nada
O vazio que me ocupa e me cansa
Sou o herói
cheio de medo que avança
Sou o sonho
que dorme comigo
Que me
acorda e me fala ao ouvido
Com a vontade
que ora vai e ora vem
Sou o que
ri e o que chora também
Eu sou o muro
que teimo em saltar
A barreira que tento passar
O deserto
que tenho p'la frente
Eu sou um
boneco entre tanta gente
Sou eu próprio, o que não se conhece
Que se esconde e que não se merece
Sou aquele que nunca se dá
O que embora
presente, não está
Sou o amante
por vezes querido
Curioso,
fugaz e atrevido
Fugidio, que é medroso e incapaz
O herói ou vilão, tanto faz
Sou eu mesmo e assim como sou
Dá-me o
tempo aquilo que tirou
Se essa
ausência for o meu castigo
Sou feliz por o haver já cumprido... /...
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
O Mágico
Meu amigo
isso já passa
Que tu és
daquela raça
Antes partir
que torcer
Toma lá
aquele abraço
Muito firme,
sem cansaço
Meu amigo, p’ra
valer
Vê se voltas
para casa
Como que num
golpe de asa
Dos que só
tu sabes dar
Que o jogo
não terminou
O apito não
soou
Vais
continuar a jogar
Neste campo
fazes falta
És o craque
cá da malta
Queremos
festejar contigo
Que o jogo
sem ti não presta
És daqueles
que nos resta
Ter p’ra
sempre como amigo
Houve jogos
no passado
Em que o
grupo derrotado
Deveu a
vitória a ti
Por isso
vais dar a volta
Põe tua
magia à solta
Como tu eu nunca vi!... /...
quinta-feira, 1 de janeiro de 2015
O desejo do ensejo
Trago o meu
peito tão cheio
De calor,
mais do que meio
Com ardor a
palpitar
Tivesse ele mais espaço
Que eu
traçaria a compasso
Tua boca p’ra
beijar
Iludido é
que não
Pois pior do que a ilusão
Meu destino,
este sofrer
Dai-me
forças Deus, então
P’ra acalmar
meu coração
Pois assim não sei viver
Seja este o
meu castigo
Partilhar junto
contigo
Lado a lado e até ao fim
O destino deste amor
Carregado de
torpor
Tão sofrido para mim
Trago o meu
peito tão cheio
De tão
grande é meu receio
Possa um dia ele estoirar
Permita Deus esse ensejo
Realizando o
meu desejo
Tua boca poder beijar... /...
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