Incomunicável,
é como eu estou
O mundo não sabe de mim
O mundo não
quer saber de mim
E eu…
Eu que nele
habito há tanto tempo
Tenho andado
distante
Com vontade
de desistir
Ao ponto de
por vezes já não o reconhecer
E de não me
reconhecer a mim, também
Eu que ando distraído…
Aqui
estático, observo o final de tarde
Um carro que
chega, outro que sai
Um pássaro
que voa
Uma folha de
árvore que cai…
Os meus
olhos registam imagens
Distorcidas pela
graduação das lentes dos meus óculos
Pousados
tortos sobre o meu nariz
O meu
cérebro recebe assim duas imagens distintas
Ousando
descodificar qual delas a mais subjetivamente real
O que é
difícil…
O mundo,
esse não sabe de mim
Muito menos
quer saber de mim
E ele…
Se ele
estiver a ver-me
No sentido
inverso do meu olhar através das lentes dos meus óculos
Poderá
concordar que também eu represento a dúvida
Da realidade
subjetiva da imagem
Da
existência da distorção...
É que eu
tenho andado distante
Com vontade
de desistir…
O vento
sopra agora mais forte
Enfunando-me
a vontade de passar para o papel o que tenho vindo a sentir
E eu tento
escrever…
Mas não
consigo
O pássaro
que voa interrompe constantemente o momento da criação
Levando o
meu olhar
Desta feita,
o meu cérebro descodifica imagens intermináveis
Mais de mil…
O pássaro
cai tombado no chão
Mas nada posso
fazer...
Incomunicável,
é como eu estou
O mundo não sabe de mim
O mundo não
quer saber de mim
E eu…
Eu continuo
distante e desisto
Os lugares
já estão todos ocupados
Não há sinal de carros a chegar muito menos a partir
A praceta
está completa e o vento acalmou
E o mundo…
O mundo, esse, não
quer saber de mim, nem do pássaro…
Um comentário:
Nem de mim .... Nem eu dele!
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