sábado, 14 de fevereiro de 2015

O amor anda no ar e às vezes evapora-se

Parece que o amor anda no ar!...
Hoje, é o dia de São Valentim. E daí?...
Desde sempre, quando ouvia o nome Valentim, associava-o imediatamente aos discos do Valentim de Carvalho.
Mais tarde, por volta dos 12 anos, altura em que comecei a ler a “A Bola” regularmente, Valentim só havia um, o Loureiro e mais nenhum!
Ah, e na Emissora Nacional, bem como no Rádio Clube Português passava uma música com um refrão que nunca mais esqueci “Quero o Valentim, olaró laró, quero o Valentim, olaró meu bem”!?... E aqui sim, existiam já alguns sinais de amor…
Mas, afinal quem foi Valentim, aquele que dizem ter sido santo?
Humm, de santo, ele não tinha nada. Então, sendo ele bispo, desobedeceu às ordens de Roma e continuou a celebrar casamentos numa época em que tinham sido proibidos!? Mais me parece ter sido uma atitude bem humana, a da desobediência...
Pobre Artérias, que sendo cega, logo tinha de se apaixonar por um homem que lhe escrevia cartas do calabouço. Diz a história que, milagrosamente, recuperou a visão. Não se sabe mais nada, nem sequer se alguma vez o chegou a ver!?...
Fica à imaginação de todos, se por acaso isso aconteceu e a pobrezinha fugiu para sempre, ou se para além da visão, recuperou também o juízo!?...
Já hoje a loucura é geral!
Bem que hoje tanto podia ser o Dia de São Valentim, como  o Dia das Mentiras. Há dias para tudo e não há de tudo todos os dias.
Recordo há uns anos que, numa noite de 14 de Fevereiro, ali, num restaurante junto às docas, jantei com uma amiga minha… Sim, verdade, apenas amiga!
Conversámos durante todo o jantar e estivemos em modo de observação contínua, comentando o que se passava nas outras mesas, ao nosso redor.
Nalgumas delas havia certamente paixão no ar, mas noutras, senão na maioria, o ar de zanga de alguns casais era notório e o silêncio existente entre outros, era de cortar à faca. Até as velas românticas nos pareciam de prece, ou súplica, rogando a São Valentim que os tirasse de lá, o mais rápido possível.
Gostava de saber quantos daqueles casais de namorados, continuam juntos, quando até a amizade pela minha amiga se apagou com o tempo…
Pois é, mas hoje é dia de festejar os novos, os velhos, os eternos, os efémeros e até os adiados amores! Viva o São Valentim!
Vivam as flores e as floristas, os restaurantes e os chefes! Vivam as juras e as promessas de amor, com figas por debaixo da mesa! Vivam as mãos nas pernas e vivam os empernanços! Vivam as trocas de olhares apaixonados e os olhares que nunca se encontram…
Acho apenas que o homem altera tudo isto e o espírito da coisa é deturpado logo à nascença. O dia dos namorados devia ser celebrado todos os dias, cliché que já cansa. Mas a mentira também é um cliché e as paranóias coletivas também.
Os casais deviam ser sempre felizes e não tirarem o dia de hoje para o serem forçosamente, ou simplesmente casais.
E porque não há-de ser tudo ao contrário?... Porque é que o dia de hoje não é dedicado aos que não têm nenhum amor nas suas vidas? Porque é que aqueles que amam e não são correspondidos, não hão-de de celebrar o amor também? Porque é que não brindam alguns aos seus ex amores!?...
Não haverá por aí um restaurante com um programa de festa para esta gente? Sem velas, sem música romântica e sem felicidade inventada?
Seria certamente um nicho de mercado interessante.
Iria ser bem divertido. Um jantar com gente real, alguma dela disposta a embarcar numa aventura amorosa e tudo, tudo gente sem compromissos impostos.
Um verdadeiro jantar dedicado ao amor!
E mais, poder-se-ia convidar o São Martinho, já que, com o frio que está, umas castanhinhas saberiam sempre bem. O São Cristóvão também, padroeiro dos viajantes, para no final os levar de volta a casa, em segurança... Por fim, o São Pedro, trazendo com ele as suas chaves, úteis para lhes abrir a porta…
Já o São Valentim, ficaria tão somente encarregue de escrever uma carta a todos os namorados e casais oficialmente reconhecidos, dizendo o seguinte:
- Vá lá, deixem-se de tretas, venham mas é para a nossa festa, se não, chamo o São João para vos dar com uns alhos porros na cabeça!


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