sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Ode à vida

Nasci…
Talvez fora de tempo
E num dado momento
Alguns eu surpreendi
Cresci…
Assim de repente
E para muita gente
Eu apenas desiludi
Vivi…
Sempre à minha maneira
E foi grande canseira
Eu ter chegado aqui
Mas não…
Não, não, eu não me importo
Antes vivo que morto
Eu cá sou mesmo assim
Amei…
Com toda esta vontade
E com muita verdade
Que eu cá nunca menti
Parti…
E em muitas dessas vezes
Eu passei tantos meses
Muito longe de ti
Sofri…
E sem nenhum queixume
Eu ardi nesse lume
Que eu mesmo acendi
Nem sempre…
Eu fui muito feliz
Mas fiz sempre o que quis
E não me arrependi
Voltei…
De novo a sorrir
Não quero mais partir
Eu vou ficar aqui
Por fim…
Um dia ao morrer
Já morto quero ter
Amor vindo de ti

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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Quadras incompletas p'ra um poeta...

Era uma vez um poeta
De manhã na pastelaria
Na mão trazia a caneta
P’ra escrever bela poesia

Cabelos brancos e longos
Num rosto cheio de rugas
Aparo cheio de sonhos
Poesia, tocata e fugas

Foi com ele que eu aprendi
A ser livre e a criar
Nem dei conta que cresci
Ao seu lado a trabalhar

Faz-me falta o meu amigo
Gostava de lhe mostrar
A poesia que eu não digo
Com vergonha de falar

Sei que ele me compreenderia
Pois descobriu quem eu sou
Se preciso, ralharia
Por guardar o que não dou

Tantas vezes me falou
De poesia e de verdade
Que a minha alma se pintou
De vermelho e liberdade

Sei que algures ele me espera
Que nos vamos apertar
Ai poeta quem me dera
Como tu saber criar!

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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Acreditar

E se ao menos,
Ao fixar os teus olhos,
Vislumbrasse eu a esperança,
Um só dia que fosse,
Ainda que distante,
De poderem eles se entender?…

Ai, e os meus…
Que sentiriam eles,
Agora que tão longe se encontram dos teus?…
Quão bom seria, mas não…
São eles cegos…
Tão cegos, esses teus olhos cegos…

São tão cegos, que a escuridão que de ti se apoderou
Sem que dela te tenhas dado conta
Mais a recordação da luz de outrora
Que já nem sequer é luz agora…
Confundem o meu caminho
Feito labirinto na escuridão  

Ah, se ao menos as trevas que me tolhem
Obrigassem os meus olhos a se fecharem!...
Que ao fecharem-se, neles, tudo ficasse mais claro
Talvez pudesse a cegueira ser a nossa luz guia
Quiçá o nosso único ponto em comum
Acreditando que um dia…

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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Tudo tem o seu tempo

Meu pai ensinou-me a ver as horas
Com ele aprendi a respeitar o tempo
Sentado à secretária, comigo a seu colo
Rodava os ponteiros do velho despertador e perguntava
"Que horas são agora?"
Eu, mortinho por responder
Antecipava a resposta meio tolo
E às vezes lá acertava
Assim foi pela vida fora…
De meu pai, um ensinamento trago comigo
"Tudo tem o seu tempo...
  Não é por se madrugar que amanhece mais cedo!"
Por isso, hoje, do tempo e da espera não tenho medo
Do meu pai, guardo a memória do grande amigo
Com quem perto do final da sua vida partilhei
Muito mais tempo do que alguma vez ousei
E ahh, o quanto eu gostei!…
Hoje, dia do seu aniversário, é o momento
De recordar e festejar todo o meu sentimento
Meu querido pai que tanto amei!...

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