quarta-feira, 29 de julho de 2020

Tertúlia



O ano de 2019 terá sido, para sempre, um ano especial!..
Quase 40 anos depois, poder partilhar arte com o meu grande amigo, pintor e escritor Rui Freitas, em tertúlias que cruzaram a escrita com a pintura, foi extremamente emotivo!
A prova de que o tempo não apaga nada, desde que tudo "o que foi escrito e pintado lá atrás" tenha acontecido com a sinceridade absoluta dos artistas e gravado num suporte sensorial, absolutamente intemporal, a que damos o nome de amizade..

(acerca do dia 23/02)

Falar desta experiência de três tardes dedicadas a três contos é sem qualquer pudor falar de trinta e tal anos de amizade com alguns encontros e desencontros, experiências adquiridas e outras não realizadas, mas é sobretudo saber que aqui chegámos e que continuamos na caminhada, provocando-nos boas e ricas sensações através do olhar e do sentir, que se foram maturando com o rotineiro passar dos dias que se repetiram sem nunca se esquecerem de se reinventar.

À partida, o desafio foi muito agradável, depressa passou a ser um pouco comprometedor. Depois, veio o sentido da responsabilidade, o medo do falhanço, a adrenalina da descoberta e da execução e, por fim, o que se lixe, porque o que eu quero é pintar e já estou por dentro da obra do Rui como se o e a tivesse acompanhado ao longo de todo o processo da sua criação.

Os contos são abertos, abrangentes e tocam-se em muitos momentos. Deixei enlear-me neles e acabei por me redescobrir em certas passagens literárias. Por vezes, revi-me e senti-me tão vulgar quanto qualquer um dos protagonistas e finalmente senti-me perfeitamente em sintonia com o autor, o que foi motivo de orgulho e enorme satisfação.

Na verdade, A Passagem, Duas pessoas vulgares e Multiverse são três mundos nos quais entrei. Neles fui caminhando, invadindo espaços, sentindo todos os odores, ruídos e cogitações, pensamentos, sonhos e angústias, amores desamores, certezas, dúvidas, sempre, sempre assinadas com a caligrafia fria da rutura.

Assim sendo, é nesse ponto que nos reinventamos. Tal qual a guilhotina...     


Nenhum comentário: